O equilíbrio comportamental é um dos aspetos determinantes no desenvolvimento de um programa que vise o rendimento desportivo. Este conceito de equilíbrio, no decurso da realização de ações ofensivas ou defensivas, proporciona a cada um dos jogadores a oportunidade para desenvolverem um conjunto de habilidades não só físicas, mas sobretudo de ordem mental, que ajudem a melhorar a relação que estes estabelecem entre si: entender, controlar e modificar cada aspeto inserido nas diferentes fases do jogo que possibilite uma tomada de decisão eficaz. De entre os muitos tipos de equilíbrio que possam interferir num sistema de jogo devidamente organizado, vou abordar dois que me parecem ser decisivos numa lógica de interação entre os elementos e as respetivas ações a realizar:
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EQUILIBRIO DEFESA/ATAQUE
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EQUILIBRIO INTERIOR/EXTERIOR.
Destacar ainda que estes
equilíbrios são fundamentais na perceção e consequente ação (tomada de decisão)
dos jogadores relativamente ao comando de um conjunto de conceitos que permitem
regular a evolução do jogo:
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Ritmo de jogo;
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Conexão entre as transições: defesa/ataque e ataque/defesa;
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Ocupação racional do espaço;
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Executar ações no timing correto;
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Movimento dos jogadores e da bola de forma coordenada;
- Conexão entre elementos e suas singularidades.
Resumidamente é necessário tornar evidente que a uma boa ação defensiva deve corresponder uma eficaz preparação ofensiva, elegendo naturalmente a decisão que nesse preciso momento mais favoreça a obtenção dos respetivos pontos (“bola recuperada-bola marcada”). Da mesma forma, defensivamente devemos procurar uma atitude que confirme os pontos que vamos adquirindo no plano atacante. Por outro lado, com evidente relação com o mencionado anteriormente, é fundamental estabelecer uma conexão entre jogadores do interior e jogadores do perímetro (inside-out) que viabilize a participação de ambos, de acordo com as suas características, na obtenção do objetivo comum. Sendo assim, torna-se obvia a importância dos dois tipos de equilíbrio referidos, da sua influência na construção de uma filosofia de jogo que realce os aspetos coletivos através de uma competente conexão entre todos os elementos participantes no processo.
Tenho procurado valorizar cada vez mais a relação que se estabelece entre os diferentes tipos de equilíbrio, enquanto fator que permite destacar a criatividade na tomada de decisão, com particular incidência para os dois equilíbrios abordados. A perceção dos jogadores relativamente à sua importância, permite criar um ambiente favorável à participação de todos em função de um objetivo comum e, por esse facto, formar uma equipa que seja imprevisível na sua opção de finalização: finalizações que variem entre lançamentos exteriores ou em áreas próximas do cesto.
1 – EQUILIBRIO
DEFESA/ATAQUE
- Preferencialmente cabe aos
bases assumirem a responsabilidade de liderarem o controlo do ritmo do jogo em
função de: resultado/tempo de jogo, opção ofensiva (transição ou ataque de
posição) em função da vantagem atacante e da ação defensiva anterior: acelerar
ou diminuir o ritmo;
- Garantir uma ocupação racional do espaço que permita criar vantagens
ofensivas em função das características dos jogadores;
- Que a transição entre Defesa/Ataque seja percetível e fluida para
todos os elementos;
- Que a cada boa ação defensiva possa corresponder uma boa seleção de
lançamento;
- Que a cada lançamento convertido possa haver confirmação defensiva desse facto.
2 – EQUILIBRIO
INTERIOR/EXTERIOR
A relação que se estabelece entre jogadores do perímetro e jogadores interiores torna-se fundamental para a construção de uma filosofia baseada na valorização dos aspetos coletivos, onde todos possam participar de acordo com as suas características. De acordo com os conceitos ofensivos utilizados, é possível garantir uma melhor criatividade individual e coletiva, tornando-se assim numa equipa onde as suas opções de finalização serão consideravelmente superiores e variadas: equipa imprevisível relativamente à seleção de lançamento.