A minha
Mãe nunca jogou Basquetebol, nunca me viu jogar, embora tenha jogado 10 anos,
julgo que assistiu a apenas 1 jogo, enquanto treinador, e já lá vão perto de 30
anos. No entanto, “deu-me” uma ideia que pode ser muito útil e sensata para o
Basquetebol Português e não só.
QUAL FOI
A IDEIA QUE A MINHA MÃE ME “DEU” E QUE PODE SER MUITO ÚTIL E SENSATA PARA O
BASQUETEBOL?
Quando
era miúdo, provavelmente com uns 6, 7 ou 8 anos, recordo momentos em que a
minha Mãe me pedia para segurar em meadas de lá, para ela fazer novelos. Quando
isto acontecia, a minha Mãe não fazia apenas um novelo, fazia vários. O tempo
parecia não passar. Os ombros começavam a doer. A situação era extremamente desconfortável.
Queixava-me da situação. Quando estava perto de terminar uma meada, esperava
que fosse a última, o que a maioria das vezes não acontecia. Parecia que havia
sempre mais uma e outra. Perguntava porque não podia ser outro dos meus irmãos
a fazê-lo, mas aquele era o “meu” dia e por isso havia que continuar.
Por isso,
continuava com os antebraços estendidos, dentro das meadas, até que a minha Mãe
dissesse que estava terminado. Durante todo aquele tempo, a minha Mãe estava
muito focada no que estava a fazer, até parecia estar a pensar em alguma coisa.
Passados
alguns dias, se tanto, a minha Mãe começava a tricotar com aquelas grandes agulhas
e, ao fim de algum tempo, chamava um de nós, um dos 4 filhos, e pedia-nos para
experimentar. Aquelas camisolas de lã encaixavam que nem uma luva e, quando
chegava o inverno, com aquele frio de “rachar”, lá estávamos nós a usá-las e a
desfrutar do conforto proporcionado por aquelas camisolas. Sentia como que se
não houvesse frio, preparado para enfrentar qualquer baixa temperatura, por
mais baixa que fosse.
QUE IDEIA
É QUE A MINHA MÃE ME “DEU”, COM AQUELA EXPERIÊNCIA E QUE PODE SER ÚTIL E
SENSATA PARA O BASQUETEBOL PORTUGUÊS E NÃO SÓ?
Antes de
responder, gostava de partilhar os resultados das respostas de 121 pessoas à
questão: Quem “é” o Basquetebol
Português?
Depois do
Diagnóstico à Visão do Basquetebol Português, que contou com o excelente
contributo de 205 pessoas (https://ideiasparaobasquetebol.blogspot.com/2019/05/diagnostico-da-visao-do-basquetebol.html),
passamos à 2ª Fase: a de saber Quem “É” o Basquetebol Português?
QUEM SÃO AS PESSOAS QUE FORMAM O
BASQUETEBOL PORTUGUÊS?
O quadro
que se segue releva a perceção das 121 pessoas. Havia uma possibilidade de
resposta “outra opção”, que abria o leque de alternativas, às previamente
estabelecidas.
A
pergunta seguinte, embora não sendo de resposta obrigatória, teve algumas
respostas.
QUER
DEIXAR ALGUM COMENTÁRIO OU SUGESTÃO DE MELHORIA DA PERGUNTA ANTERIOR?
Contudo,
entre as várias respostas, destaco duas:
"Separar
clubes, associações, federações de outras organizações individuais ou coletivas
porque, no meu ponto de vista, o âmbito e os objetivos é distinto das demais."
"A
pergunta foca-se em pessoas e, apesar de todas as organizações serem formadas
por pessoas, as organizações têm por vezes um carácter desumanizado ou
desapessoado, colocando problemas sistémicos difíceis de lidar e/ou
ultrapassar, acabando por não servir “pessoas”, mas sim um determinado
fim/propósito."
Depois,
seguia-se a terceira e última pergunta:
QUEM DEVE
SER "CLIENTE"-ALVO DO BASQUETEBOL PORTUGUÊS?
Como é
visível na figura que se segue, como “cliente”-alvo do basquetebol português
destacam-se os atletas, jogadores
com 58,9% das preferências; seguem-se os patrocinadores
com 16,1% (10,7% + 5,4%) das escolhas; com 8,9% as pessoas que acompanham,
os pais, adeptos e simpatizantes;
seguidos pelos treinadores e os dirigentes com 2,7% cada.
O QUE É
QUE ESTES DADOS PODEM SIGNIFICAR?
Do mesmo
modo que uma pessoa necessita de um corpo, de ossos, de músculos, (…); que uma
casa necessita de uma estrutura, que apoiem um lar; ou que uma bandeira
necessita de alguém que a segure, para a manter ao alto; também o Basquetebol
Português necessita de saber qual é o seu “corpo”, quem segura na sua “bandeira.
Isto é, quem “é” que forma o Basquetebol Português ou quem são os “stakeholders” (pessoas interessadas) do
Basquetebol Português.
Os
resultados apoiam a ideia de que existem
pessoas e organizações, que
estão interessadas pelo Basquetebol Português. Ao nível das pessoas, encontramos os jogadores, os treinadores e professores, os dirigentes,
os juízes, os pais, adeptos e simpatizantes e os jornalistas, como os interessados pelo Basquetebol Português.
Quanto às organizações, as respostas
apoiam a ideia dos clubes e equipas,
das associações, da federação, das empresas públicas ou privadas que patrocinam e da comunicação social, como as interessadas,
como os “stakeholders” do Basquetebol
Português.
Ou seja,
estes dados permitiram encontrar o que 121 pessoas percecionam como sendo a ESTRUTURA do Basquetebol Português,
algo essencial tanto para a construção tanto da visão, como do plano
estratégico ou ainda das ações estratégicas, entre muitas outras situações
importantes para o Basquetebol.
Agradecemos
a contribuição das 121 pessoas pois, cujo contributo tornou possível definir o
PRIMEIRO PILAR do Basquetebol Português – a
sua ESTRUTURA. Obrigado.
Agora,
voltando à experiência com a minha Mãe e à pergunta:
QUAL FOI
A IDEIA OU IDEIAS ÚTEIS E SENSATAS QUE, ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA DE FAZER NOVELOS
DE LÃ, A MINHA MÃE ME “DEU”, E QUE PODE SER ÚTIL E SENSATA PARA O BASQUETEBOL
PORTUGUÊS E NÃO SÓ?
A minha
Mãe queria fazer uma coisa – camisola de lá – com o propósito aconchegar os
filhos, durante o frio e, embora tivesse de separar a lã, criar novelos e
imaginar o que queria fazer, também acreditava que a podia fazer o que
imaginava e tornava realidade o que tinha imaginado. Ou seja, para fazermos
algo é necessário planear, imaginar fazê-la; querer fazer; e fazê-la. Uma das
razões para a construção de uma Visão Partilhada e Mobilizadora tem a ver com
tudo isto: do mesmo modo que a minha Mãe separava a lã e fazia diferentes
novelos, organizando-os, também no Basquetebol podemos separar as lãs, fazer
novelos, imaginar a camisola e fazê-la. Por exemplo, a ESTRUTURA que resultou da participação de 121 pessoas, é o primeiro novelo ou pilar desse
processo.
Como
poderá ser o Basquetebol Português, se conseguirmos imaginá-lo em conjunto (através da construção de uma visão
partilhada e mobilizadora), se quisermos
torná-lo em realidade e se começarmos
a agir?
Independentemente
da situação de fazer novelos ser-me desagradável, queixar-me, tentar que um dos
meus irmãos me substituísse, pois aquilo era desconfortável, o certo é que,
quando chegava o inverno, aquelas camisolas aconchegavam-me, davam-me conforto.
Isto é, por vezes, necessitámos de preterir a vontade imediata, para
conseguirmos o bem-estar a longo-prazo. A minha Mãe ao dizer “não” ao meu apetite imediato, afinal estava
a educar-me. Como refere Içami Tiba: “Criar uma criança é fácil, basta
satisfazer-lhe as vontades. Educar é trabalhoso.”
Como
poderá ser o Basquetebol Português, se formos capazes de sacrificar o que nos apetece no imediato, mas que nos pode provocar
desconforto mais tarde, pelo que é
melhor a longo-prazo?
Nem
sempre os novelos que fazia resultavam em camisolas para mim. Alguns daqueles
novelos resultavam em camisolas para os meus irmãos. Não o sabia. Só ficava a
saber, quando a minha Mãe chamava um de nós, para começar a ajustar o tamanho.
Porém, mesmo que a camisola não fosse para mim, estava a aprender a ir para
além do que era melhor para mim, a passar a contribuir para o bem-estar de
todos.
Qual poderá
ser a grandeza do Basquetebol Português, se conseguirmos procurar o que é melhor para todos, em vez de só o que é melhor
para cada um de nós individualmente?
Já agora,
imagino um Basquetebol que procura o melhor para todos, ao longo do tempo.
Mas, para isso acontecer, temos de passar da imaginação à ação.
Quer
agir? Quer contribuir? Prefere fazer as coisas acontecerem?
Se a sua
consciência o aconselhar a contribuir, então clique AQUI, para continuarmos o processo de construção de uma Visão
Partilhada e Mobilizadora para o Basquetebol Português.
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