Centros Regionais de Formação de Jogadores – por Mário Barros

 

Tempo de pandemia, mas também de reflexão; o tempo corre devagar e permite agora fazer o que ainda não foi feito. Desafiado a escrever para Ideias para o Basquetebol, ocorreu-me dizer o que penso sobre o tema em título.

Na Festa do Basquetebol Juvenil de 2018 em Albufeira e no Clinic (?) do Treinador discutiu-se, no âmbito da melhoria da qualidade do jogo, o projeto para a formação de jogadores, deteção de talentos e visualização de jogadores de interesse para futuras selecções nacionais.

O programa começou a ser desenvolvido a partir de janeiro de 2019 e suspenso em março de 2020 devido à pandemia Covid19.


Manifestei naquela altura algumas dúvidas sobre a forma como iriam decorrer essas ações e agora, passados três anos, acredito que, tal como pensava anteriormente, esta foi uma oportunidade perdida por várias razões, a saber:

 1. A formação de jogadores é um processo de desenvolvimento progressivo que deve atender às características, idade e nível dos praticantes, na procura do aperfeiçoamento técnico, tático, físico e psicológico.  Os jovens devem disfrutar de atividades adaptadas física e psicologicamente às suas capacidades. Treinos em simultâneo para jovens de 13,14, 15 e 16 anos e de forma tão espaçada não resultaram não só pela sua insuficiência como também pela diferenciação de níveis. Uma criança de 13 anos nada tem a ver com outra de 16 anos. São seres humanos em mudança permanente a nível biológico, fisiológico, cognitivo e emocional para além de viverem processos de desenvolvimento diferentes.

 2. Detetar talentos não é tarefa fácil. As tendências atuais no desporto de competição exigem a deteção de talentos em idades mais jovens, com vista à obtenção do máximo rendimento o mais cedo possível o que, por vezes, cria disfunções na relação estabelecida entre a necessidade de formar atletas de alto nível e a sua formação pessoal, académica e social, todavia há dados que nos fazem refletir sobre qual será a melhor idade para essa deteção e trabalho ao máximo nível, para que o resultado final seja ótimo. Há autores que consideram que o contexto familiar e desportivo (treinador) assim como os aspetos psicológicos têm tanta importância como o próprio treino. Muitos talentos aparecem tarde e enquanto jovens não eram os melhores.

3. Há também uma evidente discrepância no número de visitas efetuadas pela equipa técnica nacional às diferentes regiões do território nacional comparando as idas a Lisboa (15), Algarve (14), Setúbal (14) com Aveiro (3), Porto (5), Braga e Viana do Castelo (2), Santarém (1), Coimbra e Leiria (1), Alentejo (2), Castelo Branco, Braga e Viseu (1) Bragança e Vila Real (1), Madeira (0), Açores (0). 

Como incondicional admirador do plano espanhol iniciado em 1989 (Programa 2000 de Perfeccionamiento Deportivo), seguido por outros programas; na atualidade e em resultado da sua evolução o "Programa Nacional de Tecnificacion Deportiva", procuraria adaptar este projeto à nossa realidade. Assim, definiria quatro áreas:

Promoção, aperfeiçoamento técnico e deteção de talentos, alto rendimento e qualificação dos treinadores. 

1) Promoção

A cargo dos clubes:

Objetivos: Iniciar e motivar jovens entre os 8 e 14 anos na prática do Basquetebol e implementar estratégias que garantam a continuidade na modalidade.

Formar jogadores e atuar com os meios necessários para o desenvolvimento e integração nos Centros de Aperfeiçoamento Técnico

Respeitar os diferentes níveis de desenvolvimento e evolução na preparação dos atletas desde as fases iniciais até à fase de alto rendimento

Dispor de métodos de avaliação periódica que permitam uma critica construtiva e modificar os aspetos que precisem de ser melhorados.

Contar com um Coordenador Técnico responsável pelo programa licenciado em Educação Física (área do Basquetebol) ou treinador nível 3

A cargo da Federação:

* Estabelecer parcerias com a Coordenação Nacional do Desporto Escolar implementando os projetos já existentes: 3x3 e SKILL nas Escolas e Jr. NBA League.

* 3x3 BasketArt

* Circuito Nacional de 3x3

Minibasquete: Circuito Prof. Mário Lemos, Circuito Nacional Ticha Penicheiro, Dia Nacional do minibasquete e a Festa Nacional do Minibásquete (Paços de Ferreira)

2) Aperfeiçoamento Técnico e Deteção de Talentos

A cargo das Associações

Faixa etária - 13 a 16 anos (Sub 14 e Sub 16)

Convocados: Pelas Equipas Técnicas Regionais (masculino e feminino) - 60 atletas (30 Iniciados+30 Cadetes)

Processo de treino planificado e estruturado complementar ao trabalho realizado nos clubes, com objetivos técnico-táticos individuais previamente definidos e destinados a aperfeiçoar as capacidades dos jogadores e rendimento nas competições.

Identificar Talentos e atuar com os meios considerados necessários para futura integração em programas de Alto Rendimento.

Periodicidade: Um treino semanal ao sábado de manhã - Horários: 09h30/11h00 e 11h00/12h30.

Atividade destinada a favorecer a presença e a comunicação com treinadores da mesma região com a realização de ações de formação.

Recursos humanos: Diretor Técnico Regional e Equipas Técnicas Regionais.

Dispor de métodos de avaliação periódica que permitam uma critica construtiva e modificar os aspetos que precisem de ser melhorados.

Com uma estratégia de vinculação a outros programas de iniciativa federativa.

A cargo da Federação:

SUB 14 E SUB 16: Festas Nacionais do Basquetebol Juvenil (Albufeira)

Organização de estágios "Semanas de Observação" em períodos de férias escolares e dirigidos pela Equipa Técnica Nacional

 

Nota: Seguem-se os Programas de Alto Rendimento e Qualificação de Treinadores que abordarei numa próxima oportunidade.

por Mário Barros

15-04-2021






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