Dificuldades demonstradas pelos Treinadores Estagiários - por Carlos Bio

 Reflexão do basquetebol que vi durante os estágios e, depois, antes da pandemia.
 
Desde a época de 2004/2005 até à época de 2009/2010, exerci funções de Coordenador de Estágios de Treinador Nível-I e, durante este período de tempo, percorri 13.582 km, assisti a cerca de 720 treinos e jogos de diversos escalões, tendo visitado todos os clubes da área da minha Associação e, durante um ano, 3 Estagiários da Associação de Basquetebol de Viseu.


Durante este período de tempo, tudo fiz, para que os Estagiários que estavam sobre a minha responsabilidade fossem melhorando os seus conhecimentos e a sua forma de estar na modalidade, ajudando-os quer em campo, quer através de documentação técnica, como poderá ser testemunhado, por muitos dos Estagiários. Tenho consciência de que não consegui passar a mensagem a todos, mas, hoje, também tenho “vaidade” de ver, antigos Estagiários a fazerem um excelente trabalho na modalidade.
 
Contudo, houve estagiários que passaram, a quem não consegui passar a mensagem. Como foi tal possível? Porque passaram os Estagiários a quem não consegui passar a mensagem? A resposta é simples. A grande se não a totalidade dos Estagiários eram ou tinham sido atletas e em muitos casos, a nota que tinham na Prova da Avaliação Curricular era alta, dando poucas possibilidades de não passarem. Se em alguns casos isso foi possível, o que fiz nos outros casos? Aconselhei-os a desistirem ou a efetuarem o estágio, no ano seguinte. Alguns seguiram o meu conselho.
 
Face ao exposto, conheci como poucos a realidade do basquetebol do meu Distrito, as dificuldades tidas pelos Estagiários, principalmente dos escalões mais jovens, e como funcionavam os seus clubes.
 
O que me levou a escrever algumas linhas sobre o que vi e, agora, a partilhar?
 
A possibilidade de A LE R T A R e, com isso, contribuir para que os treinadores mais jovens:

  •   melhorem o seu comportamento, durante o treino e jogos; e
  •   não repitam os erros do passado.

QUAIS FORAM DIFICULDADES DEMONSTRADAS PELOS TREINADORES ESTAGIÁRIOS?

As grandes dificuldades demonstradas pelos Estagiários (e que penso que ainda hoje se verificam, por o que tenho assistido e tomado conhecimento) foram as seguintes:

  •   Na condução do treino, e na forma de intervir, bem como se posicionam no campo, durante o mesmo;
  •    Na passividade que têm durante grande parte do treino;
  •   No controle disciplinar do treino, por clara falta de regras que não foram definidas;
  •   Na falta de definição dos conteúdos a treinar para a sua equipa, mesmo possuindo alguns (muito poucos) um documento orientador de trabalho elaborado pelo Coordenador Técnico do Clube, sendo depois deixados ao abandono, com pouco ou nenhum acompanhamento, da parte destes;
  •   Na escolha de exercícios adequados ao escalão que treinam, indo pelo caminho para eles mais fácil, que é o de copiar exercícios de escalões superiores e completamente inadequados ao escalão que treinavam;
  •    Na demonstração e correção dos gestos técnicos;
  •   Na passividade com que assistem aos erros técnicos, raramente corrigindo, numa posição de braços cruzados, como se nada se passasse, SENDO O PRÓPRIO TREINADOR A ENSINAR O ERRO, NO ENSINO DE UMA TÉCNICA, PELA SUA NÃO CORREÇÃO, CONSOLIDANDO ASSIM O ERRO;
  •   Na dificuldade que sentem quando treinam equipas de Minibasquete, dada a pouca informação que lhes era dada, na altura na Parte Curricular;
    •    E sobre o Minibasquete, sou da opinião de ser importante existir o Curso (Curso Nivel-0 ou o Curso de Monitor como existiu no passado) adequado a todos os que quisessem treinar este escalão.
  •  Na pouca organização, raramente têm em sua posse a PASTA DO TREINADOR, onde deviam c o n s t a r dados referentes aos contactos com os pais dos atletas, folha de registo de assiduidade, plano mensal de treinos e jogos e, muitos deles, sem uma Unidade de Treino (ou uma folha) escrita e organizada. Isto, na m a i o r i a das vezes, levava-os a abandonarem o treino, para ir buscar material em falta, para a sua realização;
  •   Na dificuldade de como ensinar o ONDE o QUANDO o COMO e o PORQUÊ no ensino das técnicas;
  •   Na forma como exigem durante os jogos aos seus atletas, coisas que certamente ainda não lhes foram ensinadas e, se o foram, não estão ainda consolidadas;
  •   Naturalmente que este tipo de situações difere consoante os Clubes e o enquadramento e acompanhamento, que têm dos Coordenador Técnicos.
 
Este texto tem a ideia de partilhar experiências, contribuir para a melhoria do Basquetebol, no caso do Minibasquete, propondo a criação de formação curricular específica, e consciencializar para as dificuldades dos Treinadores Estagiários de Basquetebol, pelo que pergunto:
 
Será que estas situações ainda acontecem?
Se não acontecem, o que foi feito para alterar a situação?
Se ainda acontecem, o que é que está planeado fazer-se, para melhorar a situação?

por Carlos Bio

6-06-2021







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