Uma das causas para a falta de competitividade do nosso basquetebol tem a ver, na minha humilde opinião, com a forma como tudo começa: o minibasquete.
Em Portugal, uma criança que
entre para o basquetebol aos quatro anos de idade, está, nada mais nada menos,
do que oito anos, sem competir. Limita-se a brincar ao basquetebol! Haverá
algum mal na criança em se divertir a jogar basquetebol? Não. Claro que não.
Mas pode divertir-se, aprender e competir simultaneamente!
O meu filho mais velho entrou
para o futebol aos quatro anos de idade. Vestindo a camisola do SC Beira-Mar,
participou durante dois anos numa série de torneio organizados por vários
clubes, mas, logo depois já estava a participar num campeonato distrital!
Confesso que na altura defendia tratar-se de um erro da Associação de Futebol
de Aveiro, mas hoje reconheço que estava errado. Nunca deixou de haver diversão,
mas cedo começou a haver mentalidade competitiva. Formar é ensinar o jogo, mas
também se pode formar a competir. Podem dizer-me que o importante é jogar e que
ganhar ou perder não é relevante; eu digo que o que é preciso é fazer ver aos
miúdos que devemos lutar para ganhar, mas que é sempre preciso saber perder!
Um jovem praticante de basquete
que tenha entrado para a modalidade aos 4 anos, quando chega aos 12 anos de
idade, continua a participar nuns convívios organizados pelos clubes, a
realizar uns «joguinhos» sem resultado final e «arbitrados» quase sempre por
outras crianças que jogam no clube anfitrião.
O meu filho mais novo andou dois ou três anos
no minibasquete do SC Beira-Mar. Durante esse período, confesso que era penoso
estar num pavilhão a vê-lo «jogar». O que mais me impressionava era ver que os
próprios clubes nem sequer asseguravam treinadores adultos que pudessem
arbitrar e, simultaneamente, ensinar as regras aos miúdos. Não! O que via era
crianças a jogar basquetebol e uma outra criança, um pouco mais velha, a «fazer
de árbitro», sem nenhuma função pedagógica, com pouquíssima intervenção no
julgamento das faltas…enfim, tudo aquilo é tempo perdido na formação
basquetebolística das crianças!
Em contrapartida, acompanhava o
mais velho no futebol e percebia que os campeonatos distritais de futebol em
nada prejudicavam os atletas! Antes pelo contrário. É verdade que muitos dos
pais viam um jogo de futebol dos seus filhos como se estivessem a ver um jogo
da «Champions», com tudo o que de negativo isso «transportava» para o jogo e
para os jovens futebolistas, mas, relativamente ao jogo em si, à formação, à
aprendizagem e ao espírito competitivo, existir um campeonato distrital para
praticantes de 8, 9, 10 anos, só acarreta vantagens. E, claro, se calhar também
é por isto que Portugal tem o sucesso que tem nos escalões jovens de formação
no futebol! Porque trabalha bem. Simples.
No basquetebol bastava que
olhássemos para o lado e percebêssemos como a Espanha, uma das maiores
potências do basquetebol, trabalha. Ali não se brinca ao minibasquetebol. Nos
Estados Unidos, idem aspas. Mas pronto, por cá, preferimos fazer um grande
alarido com a festa anual do minibasquetebol que se realiza uma vez em Paços de Ferreira,
do que propriamente fazer evoluir a modalidade no sector onde tudo começa. E
enquanto isso não acontece, continuamos a ter o basquetebol que temos!
por Pedro Neves
27-06-2021
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