URGE MUDAR O MINIBASQUETE EM PORTUGAL! - por Pedro Neves

Uma das causas para a falta de competitividade do nosso basquetebol tem a ver, na minha humilde opinião, com a forma como tudo começa: o minibasquete.

Em Portugal, uma criança que entre para o basquetebol aos quatro anos de idade, está, nada mais nada menos, do que oito anos, sem competir. Limita-se a brincar ao basquetebol! Haverá algum mal na criança em se divertir a jogar basquetebol? Não. Claro que não. Mas pode divertir-se, aprender e competir simultaneamente!

O meu filho mais velho entrou para o futebol aos quatro anos de idade. Vestindo a camisola do SC Beira-Mar, participou durante dois anos numa série de torneio organizados por vários clubes, mas, logo depois já estava a participar num campeonato distrital! Confesso que na altura defendia tratar-se de um erro da Associação de Futebol de Aveiro, mas hoje reconheço que estava errado. Nunca deixou de haver diversão, mas cedo começou a haver mentalidade competitiva. Formar é ensinar o jogo, mas também se pode formar a competir. Podem dizer-me que o importante é jogar e que ganhar ou perder não é relevante; eu digo que o que é preciso é fazer ver aos miúdos que devemos lutar para ganhar, mas que é sempre preciso saber perder!

Um jovem praticante de basquete que tenha entrado para a modalidade aos 4 anos, quando chega aos 12 anos de idade, continua a participar nuns convívios organizados pelos clubes, a realizar uns «joguinhos» sem resultado final e «arbitrados» quase sempre por outras crianças que jogam no clube anfitrião.

O meu filho mais novo andou dois ou três anos no minibasquete do SC Beira-Mar. Durante esse período, confesso que era penoso estar num pavilhão a vê-lo «jogar». O que mais me impressionava era ver que os próprios clubes nem sequer asseguravam treinadores adultos que pudessem arbitrar e, simultaneamente, ensinar as regras aos miúdos. Não! O que via era crianças a jogar basquetebol e uma outra criança, um pouco mais velha, a «fazer de árbitro», sem nenhuma função pedagógica, com pouquíssima intervenção no julgamento das faltas…enfim, tudo aquilo é tempo perdido na formação basquetebolística das crianças!

Em contrapartida, acompanhava o mais velho no futebol e percebia que os campeonatos distritais de futebol em nada prejudicavam os atletas! Antes pelo contrário. É verdade que muitos dos pais viam um jogo de futebol dos seus filhos como se estivessem a ver um jogo da «Champions», com tudo o que de negativo isso «transportava» para o jogo e para os jovens futebolistas, mas, relativamente ao jogo em si, à formação, à aprendizagem e ao espírito competitivo, existir um campeonato distrital para praticantes de 8, 9, 10 anos, só acarreta vantagens. E, claro, se calhar também é por isto que Portugal tem o sucesso que tem nos escalões jovens de formação no futebol! Porque trabalha bem. Simples.

No basquetebol bastava que olhássemos para o lado e percebêssemos como a Espanha, uma das maiores potências do basquetebol, trabalha. Ali não se brinca ao minibasquetebol. Nos Estados Unidos, idem aspas. Mas pronto, por cá, preferimos fazer um grande alarido com a festa anual do minibasquetebol que se realiza uma vez em Paços de Ferreira, do que propriamente fazer evoluir a modalidade no sector onde tudo começa. E enquanto isso não acontece, continuamos a ter o basquetebol que temos!

por Pedro Neves

27-06-2021





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