VALENCIA Femininos U14 – por Mário Silva

Como habitualmente, acompanhei os recentes campeonatos de Espanha de Sub 14, com muita atenção.

A qualidade dos intervenientes masculinos e femininos não deixa qualquer dúvida quanto ao atraso a que, por uma razão ou por outra, parecemos irremediavelmente estarmos condenados.


O nível estratosférico atingido pelo Real Madrid, em masculinos, não permite qualquer tentativa de comparação e de aprendizagem, porque não encontra paralelo, nem mesmo em Espanha (venceram a final do Campeonato Nacional por uma diferença de 51 pontos – resultado 73-22).

Figura 1

Amadou Traore, foi MVP do campeonato com 32 créditos de valorização de media, contribuindo para isso a posição de melhor ressaltador e o quinto máximo marcador de pontos. O seu companheiro Declan Duru também ficou no “Top10” coma valorização de 17 créditos por jogo (figura 1). 

Contudo, o objeto desta análise é o sector feminino, optando por fazer o “scouting” da equipa U14 do Valência, por apresentar apenas atletas desenvolvidos na sua “cantera“ (formação) e, por isso, mais realista, para um eventual transfer para a nossa realidade.

Isto permite aproveitar conhecimentos, competência e experiências, com o objetivo claro de que é possível e desejável que as/os nossas/os jovens passem a treinar e a jogar na mesma “onda“.

O scouting que aqui apresentamos diz respeito ao jogo da final entre a Fundation Valencia Baskete e o Unicaja Andalucia, com o resultado final de 46-52, referente ao Campeonato Infantis Femininos da época 2020/21, realizado em Marim com a participação de 32 equipas. 

Figura 2 - Fundation Valencia Baskete

 ATAQUE

A - # 7 posições de 1x1

 

Figura 3

O jogo ofensivo da equipa Sub 14 Femininos do Valencia têm por base o 1x1, tanto em ações com bola, como sem bola.

Nesse modelo de jogo, procuram respeitar os espaços de forma eficiente (Figura 3), o que lhes dá dinamismo no jogo e cria a oportunidade para as jogadoras com bola aproveitarem as vantagens criadas, de forma direta ou indireta (pela ação dos companheiros), o mesmo se passando com as jogadoras sem bola, ao procurarem ter sempre linha de passe abertas para uma receção ideal. 


B - # Condução da bola para o ataque

 

Figura 4

Lateral /meio – a bola tanto é conduzida tanto pelos corredores laterais, como pelo corredor central (figura 4).


C - # Ataque Posição

Jogam com um ataque de posição assimétrico, com a distribuição espacial de 4 abertos (mais espaços) e um jogador interior (5) do lado contrário da bola.

Bola no Meio

Encontramos dois padrões, ao nível da ocupação do espaço ofensivo, quando a bola está no meio (figuras 5 e 6).

  •         “4 around”, bola no meio.
  •         5 lado contrário da bola.

Figura 5

Figura 6

Bola na Lateral

Visualizamos dois padrões, ao nível da ocupação do espaço ofensivo, quer quando a bola está no corredor lateral (figuras 7 e 8).

  •        “4 around”, bola na lateral
  •        5 lado contrário da bola
Figura 7

Figura 8

D - # Ataque direto 1x1

Na transição defesa /ataque, muitas vezes, as jovens do Valência com bola tentam superar diretamente o defesa a partir do drible, mantendo o corpo flexionado e controlando a bola. Aproximando-se do defensor, para limitar a sua reação, e ultrapassando-o para atacarem o cesto de forma vertical o cesto e assim ganharem vantagem. Quando a defesa fecha um dos lados, usam o drible com a mudança de mão preferencialmente pela frente (”Crossover”) - figura 9.

Figura 9

Quase sempre, o atacante com bola procura tomar boas decisões (lançamento, passe ou a penetração) e aproveitar as vantagens de forma agressiva e determinada.

As atacantes dão muito ênfase aos ritmos do jogo: Acelerar vs. Desacelerar.


 Bola no meio:

Figura 10

Reação a partir do 1x1 na zona central de frente para o cesto, no perímetro, com as respetivas reações (nas figuras 10 e 11, podemos visualizar diferentes reações, pelas diferentes cores).

Figura 11 

Ao atacar o defesa direto, o atacante procura provocar desequilíbrios no defensor direto:

  •       Ser uma ameaça constante.
  •       Ganhar faltas.
  •       Criar um bom lançamento.
  •       Fixar um defensor indireto.
  •       Jogar com companheiros

 Por outro lado, valorizam a importância de saber jogar sem bola, nomeadamente:

  •       Facilitar uma rápida assistência.

 

Bola na lateral:

No jogo de 1x1 a partir do drible útil, a procura do lançamento é a primeira prioridade, com a máxima economia de ações (driblar é um meio e não um fim).

Os atacantes penetram com o objetivo de finalizar, sem anteciparem o passe e baixam a velocidade, quando vão realizar o passe, para ter maior eficácia e evitar as faltas ofensivas.

Figura 12

 Foi ainda possível destacar o seguinte:

  •  Importância dos passes do jogador que realiza a penetração e do que recebe a assistência (figura 12), bem como da mobilidade dos jogadores sem bola ao drible. Criatividade.
  •  Na posição de tripla ameaça em drible, procuram ver todo o campo.
  •  A partir da posição de tripla ameaça em drible útil, atacam a defesa com o recurso ao drible direto ou cruzado, recorrem a combinações de mudanças de mão em drible.
  •  Amplitude de movimentos. A mudança direção e de mão pela frente só é possível porque o defesa não pressiona.
  •  Mudança Ritmo (rápido lento e bola viva)
  •  Mudança altura (alto, médio, baixo)
  •  Movimento dos pés.

Como leem a defesa enquanto driblam?

Se …

  •        o adversário dá espaço … lançam
  •        reagem ou defende em cima …penetram

Conseguimos verificar mais três aspetos a destacar:

  •   Usam poucos dribles, para atacar cesto
  •   Procuram contacto para ganhar vantagem, lança ou passa.
  •   Na transição para o ataque em drible, mudam de mão no drible e dissociam o trabalho de pés e drible (um drible 2/3 apoios).

 

E - # MUDAR o LADO BOLA

O conceito de mudar o lado da bola é usado frequentemente, refletindo uma ação coletiva de passar a bola de uma metade do campo de ataque para outra oposta ou passar do lado forte para o lado fraco do ataque. Desta maneira, os jogadores que estavam na defesa em posições de ajuda têm de passar a pressionar e os do lado bola passam a ajudar, a ideia (desafio) é que algum deles se atrase ao chegar à sua nova posição e permita vantagens a quem ataca.

A ideia de que o jogo se desenvolve só de um lado do campo permite facilitar a tarefa à defesa. Se mudamos rapidamente o lado da bola (mediante um passe ao meio ou diretamente lado a lado) criamos boas opções ao ataque, permitindo que o último jogador concluía a ação.


F - # Drible lateral e muda lado da bola

Figura 13

Neste exemplo, o jogador 01 em drible lateral passa para 02 e este muda o lado da bola, sendo que 01 e 02 se afastam e 04 repõe a posição de 02 (movimento jogadores sem bola: passar e movimentar). Enquanto a bola está a mudar de lado, 05 sela o seu defensor e abre uma linha de passe dentro. Quando a bola chega dentro, a 05, há 1x1 (Figura 13). 

 

Receber e driblar:

Se 03 não “alimenta” 05 e decide atacar o meio em drible (figura 14), 03 “lê” a defesa e “escreve” o ataque (read & react), mas não o pode fazer de forma automática.

Por exemplo, no “close out“, quando o defesa X3 se aproxima em demasia da bola, o atacante 03 reage em conformidade:

  •    Lança a bola ao solo rapidamente e penetra para o cesto em drible 
  •    Usa o drible direto / cruzado ou o “cross push“.
  •    Penetração + extra passe.
  •    Finta lançamento e lança ou penetra direto/cruzado.

Figura 14

No caso do jogador exterior 03 receber, com o poste baixo 05 do mesmo lado (figura 15), o jogador interior ajusta a posição consoante a penetração de 03 for feita pela linha ou pelo meio.

No caso de o jogador com bola realizar uma penetração, o seu companheiro 05 deve ocupar o espaço que “castigue” mais as ajudas, assim se …

  •  a penetração é para o meio, 05 abre fora (pode sair para lançamento curto ou médio). Pode também cortar nas costas dada a dificuldade que coloca á defesa
  •  se a penetração for pela linha final, o jogador interior 05 sobe ao cotovelo.
No perímetro, 01 no canto está normalmente livre, recebe e lança ou recebe e faz passe extra para 02.
Figura 15


     

Se 05 está no lado oposto (figura 16), então reage em conformidade com a penetração de 03 (na figura estão representadas as diferentes reações, através de diferentes cores).

Figura 16

Se 03 devolve a bola para o meio, para 04 (figura 17), e este penetra, o jogador do canto 01 quando recebe o passe tem normalmente um jogador aberto, sem oposição defensiva, e pode continuar o ataque com mais um passe (passe extra) para 02 (figura 18).

Figura 17

Figura 18


G - # 1x1 Técnica /tática Individual


Estático:

Figura 19

Recebe estático e arranca em drible “Cross push“. Com ou sem fintas, arranque direto/cruzado (figura 19).

Figura 20

Arranque em drible direto (figura 20).

Figura 21 

Atacam o “close out“ com “cross push“ pelo lado donde vem o defesa (figura 21).


CONTRA GESTOS

Sempre que surge um qualquer imprevisto, a equipa Valencia não deixa de atacar e tem também contra gestos (alternativos) para solucionar o problema.

Nas penetrações para o cesto pelo meio para finalizar 012, quando são parados, rodam para lançar ou passar (figura 22).

Figura 22

Figura 23 

Movimento de contragesto: o atacante em drible pára com os apoios 012 e roda, passa ou lança (Figura 23).

Pára com os apoios 012 e lança com trabalho pés, podendo sair aberto /cruzado/ roda para dentro.

Os jogadores devem dominar bem dois ou três contragestos para continuarem a jogar.

Quando cortam para o cesto: paragens 012, rotação e lançamento/passe .


# PASSE+ DHO+” boomerang“

O jogador 01 passa a 02 e afasta-se e 02 faz drible bola à mão (Drible Hand-Off – DHO), seguido de devolução da bola de 03 para 02 (boomerang), conforme se visualiza na figura 24.

Figura 24

Ao receber, 02 pode atacar às receção a linha final, enquanto os colegas reagem ao drible (figura 25). Os jogadores sem bola ajustam. Passe para o perímetro + passe no perímetro (extra passe – figuras 25 e 26)

Figura 25

Figura 26

 

# BLOQUEIO INDIRECTO

O jogador 01 passa a 02 e faz bloqueio indireto no perímetro, para criar condições para 03 receber e jogar 1x1 no meio (figuras 27 e 28).

Figura 27

Figura 28

# FLARE

Na opção “flare”, ao passe de 01 para 02, o bloqueio indireto “Flare” de 03 cria condições para 01 ou 03 jogarem 1x1 (figuras 29, 30 e 31), com as consequentes reações, anteriormente abordadas.

Figura 29

Figura 30

Figura 31

# LATERAL/MEIO

O jogador 02 penetra, assiste para 01, continuando o movimento sem bola para o canto (Figura 32) 

Figura 32

O jogador 01 ataca o cesto (45º), jogadores em bola ajustam, (Figura 33).

Figura 33

# LATERAL /MEIO +DHO

O jogador 01 na lateral passa a 02 no corredor central (Figura 34) .

Figura 34

02 joga DHO (dribla e dá á mão) com 1 (Figura 35).

Figura 35

Jogo de 1x1 no meio com 01 -  reação ao drible dos restantes jogadores, Figura 36). 

Figura 36

Se a linha de passe de 01 para 02 está fechada, 02 e 03 trocam no perímetro (figura 37).

Figura 37


# PASSA E MOVIMENTA-SE + DHO (45º)

Movimentos que facilitam a criação de espaços para o jogo de 1x1 (figuras 38):

  •        01 passa e movimenta-se, 03 repõe
  •        05 afasta-se para o lado contrário bola 
  •        01 joga DHO com 04 

Figura 38

Na figura 39:

  •     04 joga 1x1 (45º), penetra e assiste.
  •     Ajuste dos jogadores sem bola.

Figura 39

# DHO DIRETO

Introdução de meios táticos coletivos: Bola á mão (DHO).

Reconhecer os novos espaços criados para jogar 1x1.

01 joga DHO com 02 (Figura 40).

Figura 40

02 joga 1x1 no meio. Restantes jogadores ajustam (Figura 41).

Figura 41

01 joga DHO com 02 para o meio (Figura 42).

Figura 42

02 na lateral (45º) penetra. Restantes jogadores ajustam reagindo ao drible (Figura 43).

Figura 43

#DHO + “BOOMERANG”

Ações de drible bola à mão (figuras 44, 45 e 46):

  • 01 joga DHO com 02
  • 02 devolve a bola a 01 (“Boomerang” ).
  • 01 joga 1x1 no meio. O jogador que penetra vai forte para o cesto e não antecipa o momento do passe.
  • O jogador com bola deve ter a capacidade de ir o mais direto possível (poucos dribles e uso corpo) para atacar o cesto ou criar novos espaços e vantagens para o ataque.
  • O seu companheiro tem que trabalhar em movimento, para dar uma linha de passe em função da trajetória do jogador com bola e da ajuda defensiva.
  • 03 ajusta a posição e abre linha passe á frente da bola. A regra do círculo (movimento a favor da bola).

Figura 44

Figura 45

Figura 46

Receção em movimento com regra Passo Zero. Paragens 012 – figura 46.        

#DHO CANTO

Ações de drible bola à mão, no canto (figuras 47, 48 e 49):

  •          04 assiste para o lado contrário da penetração.
  •          Jogadores exteriores em quadrantes diferentes (04 e 03).
  •          Com penetração para o centro de 04, o jogador sem bola 03 vai ao canto. 
  •          Conceito de “Relocate”, ajuste com mudança de posição.
  •          Um jogador aberto no lado contrário da penetração. Tipos de passes.

Figura 47

Figura 48

Figura 49

#DHO+ CEGO

Se uma grande parte do jogo é feita a partir do 1x1, existem também soluções que se iniciam com situações coletivas básicas mais elaboradas (2x2, 3x3), como drible bola à mão entre 01 e 02, seguido de bloqueio cego de 05 ao defensor de 01 (Figuras 50 e 51).

Figura 50

Figura 51

#MOVIMENTO NO PERIMETRO

CRIAR 1X1

Aplicam o conceito de passar e movimentar-se, o que facilita a criação de espaços para o jogo do 1x1.

A ideia não é fazer cortes por sistema, mas sim reconhecer vantagens com o movimento, de forma a facilitar a ocupação de espaços, de modo que todos os jogadores estejam em condições de terem uma linha de passe eficaz (figuras 52, 53, 54, 55 e 56).

Figura 52

Figura 53

Figura 54

Figura 55

Figura 56

Cortes em diagonal (figura 56).


# CANTO

Passar ao canto e corte em diagonal (figura 57) e 1x1 no canto com as correspondentes reações (figuras 58, 59 e 60).

Figura 57

Figura 58

Figura 59

Penetrar para área pintada e assistir o jogador interior em movimento.

Tipos de passes.

Passar a partir do drible para o canto, por detrás da defesa, ao chegar á linha de fundo. Na penetração para a linha final, driblar fora do corpo e passar quase fora da linha de fundo.

Figura 60

Se for parado pelo defesa tem contra gesto: Inversão 012 (figura 61).

Figura 61

# 2 PENETRAÇÕES SEGUIDAS

Contrariam o conceito de “não fazer 2 penetrações consecutivas” (figuras 62 e 63).

Figura 62

Figura 63

Na figura 64:

  • Com a bola no meio 01 penetra e assiste 03
  • 03 volta a penetrar.

Figura 64

# 1x1 Interior :

Reação interior faz-se em círculos (figuras 65 e 66).

Reação ao drible para o meio do jogador interior (figura 65).

Figura 65 

Reação ao drible para a linha do jogador interior (figura 66).

Figura 66

# BOLA LINHA FINAL

Na reposição bola na linha final o objetivo é libertar o jogador que repõe a bola em jogo para lançar (Figura 67).

Bloqueios indiretos para abrirem linhas de passe no perímetro.

Figura 67

Bloqueios “stagger” para libertar o lançador (Figura 68 e 69).

Figura 68

Figura 69

JOGAR A A CORRER


Sair a driblar - Quem “ganha” o ressalto sai em drible (Figura 70).

Na formação, faz todo o sentido favorecer a saída do ressaltador em drible, subindo a bola até ao ataque (pelo meio ou pela lateral – Figuras 70 e 71), como referido anteriormente, enquanto os restantes jogadores ocupam os corredores livres, o mais rapidamente possível, para garantir opções de lançamento, em posições de eficácia.

O Valencia Feminino sobe a bola com os jogadores exteriores (01, 02 e 03) e os jogadores mais altos nunca saem a driblar.

A idade dos praticantes condiciona a saída para o contra ataque a partir do ressalto, com o recurso ao passe. Limitados na capacidade técnica (passe) e física, a solução mais eficaz é mesmo a saída direta em drible, que permite todos os jovens assumirem esta função .

Depois de conquistarem a posse de bola, no ressalto, os jogadores mais altos (05/04) procuram sempre o 1º passe, para os bases.

Sempre que os jogadores do perímetro ganham  o ressalto driblam e esse será o prémio por estarem concentrados e determinados na defesa. O resto dos companheiros atuam em conformidade … correm para garantirem a superioridade numérica, no meio campo ofensivo e assim surpreenderem os defesa contrários.

Figura 70

Figura 71

Sair em passe

Após conquista do ressalto defensivo, outra forma de ganhar superioridade numérica é fazendo um primeiro passe para uma zona de menor aglomeração de jogadores e que permita rapidamente iniciar a progressão da bola até ao cesto adversário.

Neste caso, a rapidez do primeiro passe de contra-ataque é determinante.

No Valencia, sempre que os jogadores mais altos recuperam a bola procuram sistematicamente o 1º passe. Na receção a maioria aplica a regra do passo zero, dando mais um apoio (01 e dribla).

Uma vez recebido o 1º passe, podem levar a bola pelo corredor central, em drible ou em passe. Reagem rápido e sempre que possível fazem o 2º passe, normalmente em diagonal, o que implica a intervenção de um terceiro jogador.


Levar a bola pelo meio ou pelas laterais?

Para garantir a vantagem na reação após a conquista da posse de bola (mudança de “Chip”), procuram chegar rápido ao ataque.

Como nem sempre a melhor solução é conduzir a bola pelo corredor central (aglomeração de jogadores), optam também pela solução da condução em drible ou passe, na lateral.

Na condução em drible mudam de mão constantemente, conseguindo assim dissociar os pés do drible e, por isso, são claramente mais rápidos.


Quem coloca a bola fora?

Repor a bola em jogo sempre com um determinado jogador tem riscos, porque este “especialista” pode estar longe cesto e, por isso, perde-se tempo.

O Valencia decide ter um ou dois  jogadores para executar essa tarefa,  repondo  a bola fora o que está mais próximo, no momento do cesto sofrido.

Quem repõem a bola deve estar colocado fora da tabela, para poder fazer um passe longo.


1º Passe Receção em movimento “01” (passe zero) e drible/passe

 

Com a alteração às regras, no artigo 25, o jogador em corrida que recebe a bola em movimento e com um pé no solo entra em drible no contra-ataque e, por isso, agora, pode fazer uma leitura muito favorável no ataque.

No passado, o jogador tinha de soltar a bola antes de levantar o primeiro pé que apoiava no solo. Agora, ao receber em movimento com um pé no solo (apoio 0), este não conta e poderá dar outro (1) antes de largar a bola. Podem apanhar a bola em movimento e darem um passo orientado (01), ler a reação da defesa e mudar de direção para o ultrapassar. A receção em corrida é uma das grandes vantagens das novas regras.

Finalização 1x0, 2x1, 3x2.

Sempre que possível, a equipa do Valencia procurou jogar a correr de forma a ter superioridade para procurar finalizar em cesto ou ganhar uma falta.

Quando chegam ao meio-campo, os portadores da bola devem ler a defesa e ver se têm ou não superioridade numérica.

Se têm, então seguem atacando até à linha de três pontos (pelo meio ou pela lateral).

A melhor situação de contra-ataque é a de 1x0 concretizado com uma” bandeja“, mas também são boas situações de finalização as de superioridade: 2x1, 3x1, 3x2, 4x2.

No caso de a defesa ter três ou mais defesas, começam a pensar a jogar o 2º contra-ataque (“secondary break” /chegar a jogar).

Se tem vantagem, o portador da bola joga 1x1 “costa-a-costa”, lê a defesa e escreve em conformidade, isto é: lança, assiste meio ou para o canto.

Uma curiosidade resulta de o 2º passe ser feito muitas vezes em diagonal.

Procuram colocar a bola dentro em 05, para que este jogue 1x1. 

 

Defesa individual:

Linhas 1º passe fechadas triangulo (figura 72).

Figura 72

Poste defende ¾ linha bola cesto (figura 73).

Figura 73

Linha 1º passe…”Deny” (negar), cortes lado bola para lado oposto (aclarado) – não percebo isto aqui, não está fora do sítio e linhas de 2º e 3º passe ajudam costas linha final (1 pé /2 pés dentro) – figura 74.

Figura 74

Defesa jogador com bola (figura 75).

Figura 75

Defesa coletiva do  poste (figura 76).

Figura 76

Na penetração para a área pintada, o defesa da 1ª linha de passe continua a sobremarcar (triângulo), o defesa da segunda linha de passe ajuda a parar a penetração (Figura 77).

Figura 77

Penetrações a 45º paradas com defesa da 2ª linha passe e rotação. Ao passe para o canto o jogador que saiu a dar ajuda na defesa da penetração em drible recupera rápido (“close out”),  Figura 78.

Figura 78

Canto finta ajuda e recupera (figura 79).

Figura 79

Defesa bola - parar 1 º drible (figura 80).

Figura 80

Defesa postes pela frente com ajuda costas (figura 81).

Figura 81

Defesa na linha da bola (figura 82).

Figura 82

Bloqueio e ressalto defensivo (figura 83).

Figura 83

Zona 122:

O regulamento permite defender à zona e neste campeonato muitas das equipas sempre que estavam em desvantagem recorreram pontualmente a este tipo defesa. O Valencia na fase final do jogo defendeu Zona 1.2.2. (Figura 84) .

Figura 84

#Conclusão

Não temos dúvida e é claro para nós, que a forma como a formação é encarada em Espanha não tem nada a haver com a forma como nós a encaramos e a desenvolvemos por cá.

Ali, desde muitos jovens, as raparigas e os rapazes começam a prática do basquetebol, através de planos de desenvolvimento de jogadores, com vista à chegada ao escalão sénior.

Por norma, o jogo é ensinado na base de conceitos, contribuindo para isso não só a técnica individual ofensiva  e a técnica individual defensiva, mas principalmente a Tática "Individual" ofensiva e defensiva.

Mas o reconhecimento: do amor pelo jogo; porque razões o jogas; que felicidade tens na prática do basquetebol; o que é que cada um quer atingir (objetivo), do ponto de vista individual; o seu compromisso; o envolvimento com colegas; o reconhecimento do coletivo (pensar como um uno); dar contributos positivos; saber o que é que o jogo exige em termos técnicos/táticos; e saber qual a necessidade que cada um precisa para ter sucesso, treinando de forma afincada para as melhorar é traduzido em quantidade de horas e qualidade do trabalho.

Não falamos de nada que não seja do conhecimento da maioria, mas só com esta receita se conseguiu obter resultados no passado e o mesmo acontecerá no presente e no futuro.

Este é o desafio da formação em Portugal e dos seus dirigentes e treinadores. Treinar para formar jogadores seniores ou pessoas (adeptos) que gostem  de basquetebol para sempre.  


Para ver o jogo, clicar AQUI.

por Mário Silva

4-07-2021






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