HENRIQUE VIEIRA e o RESPEITO POR QUEM ESCREVE SOBRE BASQUETEBOL - por Pedro Neves

 

Se há coisas que aprendi na atividade de jornalista desportista, foi que, qualquer agente desportivo, seja ele dirigente, treinador ou atleta, só «gosta» de nós até ao dia em que pela primeira vez lê algo que não gosta. A partir do momento em que o criticamos pela primeira vez, passamos a ser um sacana e um gajo que não percebe nada de desporto.


Contudo, não foi isso que se passou com o Henrique Vieira. A sua postura, totalmente oposta ao que sempre foi habitual entre praticamente todos os treinadores e a minha pessoa, é algo que vou guardar para sempre na minha memória. A morte de Henrique Vieira foi algo que me tocou muito. Por muitas razões – era boa pessoa e um excelente treinador – mas, acima de tudo, foi sempre alguém que respeitou o meu trabalho.

Do Henrique, guardo do Henrique muitas e boas recordações dos anos em que privamos de perto quando era treinador da Oliveirense e da Ovarense.

Lembro-me perfeitamente de um dia em que fui a Oliveira de Azeméis fazer um jogo da Oliveirense, e logo após o final da conferência de imprensa (sim, nesses tempos havia jornalistas a acompanhar os jogos e havia conferências de imprensa em todos os jogos da Liga), fui intercetado pelo Henrique para esperar um pouco, porque queria falar comigo. Assim foi. Levou-me para o seu gabinete e disse-me que algo que eu tinha escrito, uns dias antes no Diário de Aveiro, não correspondia totalmente à verdade. E explicou-me os motivos. Esta era a diferença do Henrique em relação aos outros.

Nunca deixou de me respeitar, nem mesmo quando lia algo que não gostava. Falava comigo, olhos nos olhos, sem nunca deixar de ter uma boa relação comigo. Nunca deixámos de nos respeitar.  

Os momentos em que falávamos de basquetebol, eram sublimes. Henrique Vieira sabia mesmo muito de basquetebol. Para quem, como eu, que adora a modalidade, falar da nossa modalidade com o «coach», eram momentos de grande aprendizagem.

Henrique Vieira regressou a Lisboa e deixámos de estar próximos. Surgiu, então, a doença que pensava estar combatida, quando, afinal, acabou por se tornar fatal. Uma grande perda para o basquetebol português. Da minha parte, nunca o vou esquecer.


Pedro Neves

12-07-2022








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