É tempo de revolucionar o ensino da defesa - por Mário Silva

 

O basquetebol está em constante evolução, com as regras a serem constantemente alteradas.

Na atualidade, os atacantes que tiram muito proveito das regras, conseguem ganhar vantagens com muito maior facilidade, num jogo criativo e espectacular.

Por outro lado, a maioria dos jogadores, cada vez mais atléticos, domina as técnicas fundamentais, dificultando e complicando o jogo.

Mas ao que parece, tudo muda menos a defesa?


As instruções e o treino estão antiquados face ao estilo de jogo moderno, com os treinadores a não dedicarem o mesmo tempo de treino à defesa e ao ataque.

Hoje, ao estudarmos os jogadores de elite, somos surpreendidos com os seus movimentos e a sua técnica defensiva, que pouco tem a ver com o passado em que todos os diziam que a defesa:

  • Ganhava campeonatos, indicando a grande importância da defesa no jogo;
  • Era 90% de esforço e 10% de técnica;
  • Tinha bons jogadores porque nasciam com essa habilidade.

O que é mesmo verdade é que, o sucesso de uma equipa depende quase sempre de um conjunto alargado de defensores, com boa técnica individual.

A técnica individual defensiva é parte fundamental do jogo, não adianta pedir apenas mais esforço e aplicação aos jogadores. Não chega.

Curiosamente ou talvez não, se procurarmos informação sobre os fundamentos técnicos defensivos encontramos pouca e desatualizada informação.

Hoje, com as alterações ao artigo 25 das regras (Passo zero), defender em campo aberto a recepção do 1º passe para o contra-ataque de forma frontal já não é boa ideia.

Do mesmo modo, defender a receção da bola no meio-campo ofensivo sem levar em atenção os pés do atacante e sem impedir a trajectória do 2º apoio não é boa solução. Marcar um jogador sem bola no acto de recepção sem ver se tem um pé no solo e se pode usar o apoio zero constitui erro defensivo.

Defender nos arranques já não pode ser feito da mesma forma: quer a bola seja recebida do lado do passador; quer seja do lado oposto. Defender as finalizações para o cesto e as fintas ofensivas implicam novos ajustes.

O mesmo se diz para a defesa dos postes.

A defesa de todos os bloqueios indiretos leva a encontrar respostas diferentes:

  • Zeeper;
  • Pin down;
  • Box to box.

A mesma ideia para a defesa das situações dos bloqueios diretos (“Pick and roll” / ”pop”), no “Flare” e na bola à mão.

O ataque de posição tem necessariamente novas respostas defensivas:

  • Shufle;
  • Flex;
  • Triplo poste;
  • UCLA;
  • “Stagers”.

O jogo ofensivo mudou, com os ataques a privilegiarem os triplos e os movimentos simples de “drive and kick”, a defesa tem de dar enfase à marcação dos jogadores no perímetro. Podemos agora falar em novos especialistas defensivos: os protetores do perímetro.

É tempo de uma revolução também no ensino da defesa.

 

Qual é agora a postura inicial mais adequada?

A posição defensiva inicial é a base da técnica individual e é determinante no sucesso ou não da defesa.

Os jogadores que não estão numa boa posição defensiva inicial raramente conseguem defender bem.

Uma boa postura defensiva ajudará os jogadores a conseguirem movimentar-se mais rápido, em todas as direções, para manterem o atacante à sua frente e também para que consigam recuperar e correr, no caso de serem ultrapassados.

Figura 1 - Posição defensiva básica - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

No passado a denominada posição básica defensiva (figura 1), tinha como base uma postura cómoda que permitia que os jogadores se movimentassem rapidamente:

  • Pés separadas à largura dos ombros;
  • Joelhos e bacia baixos. Centro gravidade baixo.
  • Cabeça levantada, ver a bola e o cesto;
  • Tronco ligeiramente flexionado;
  • Peso do corpo bem equilibrado sobre ambos os pés, mas sobre a ponta dos pés;
  • Mãos preparadas.

Tudo isto na atualidade é quase matéria exclusiva de Clinics dos treinadores, já que os jogadores de Elite quebram as regras da posição básica clássica.

Os jogadores usam duas posturas iniciais diferentes:

“Forward stance” (defesa para a frente) e Upward stance” (defesa para cima).

 A designação das várias posições possíveis não considera a capacidade atlética dos jogadores e as habilidades defensivas, porque depende mais dos ângulos e posições, do que da explosividade e da agilidade

 

Posição “Upward” (para cima).

Figura 2 - Posição defensiva “Upward” - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

A posição defensiva Upward” é semelhante à posição clássica.

Os ombros estão em linha com as ancas e com os calcanhares, mas a flexão dos joelhos é menor que na posição clássica. O defesa não está tão baixo.

Este posicionamento permite manter o defesa entre a bola e o cesto. Pode também ser usada para pressionar a bola, mas é mais usada como defesa de contenção, impedindo ações fáceis para o ataque. Em contraste com a posição “Forward“ onde o defesa entra no espaço do atacante. A posição “Upward” mantêm o defesa a alguma distância, marcando numa posição de recuperação.

Se a equipa não tem jogadores atléticos pode defender com o posicionamento “upware”.

O treinador e o jogador devem entender que a defesa não é sempre espetacular e que o objetivo principal é impedir coisas fáceis para o ataque.

Figura 3 – Iguadala e Figura 4 - Kyrie Irving na posição defensiva inicial “upward” - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

Andre Tyler Iguodala dos Golden State Warriors é um dos melhores defesas da NBA, consegue parar os penetradores, ajudar com antecipação, ultrapassar os bloqueios e marcar os lançadores (Strauss, 2014).

Kyrie Irving dos Brooklyn Nets é um dos jogadores NBA que mais se compromete com as tarefas defensivas (Lewis, 2022).


Comparação da posição” Upward” em outros desportos.

Figura 5 – Tentativa de desarme no futebol - foto Futbool (“Manchester United,” 2022).

Um exercício útil para os treinadores é olhar em volta e estudarem outros desportos, detetando quais as semelhanças que têm com o basquetebol.

A posição “Upward” não é exceção ao estudo comparativo e podemos levar em atenção o futebol onde sempre se usou esta posição.

Basta olhar para os defesas no futebol e ver que todos usam esta posição para controlarem o jogador atacante com bola, procurando em contenção, manter-se sempre à frente dela.

As prioridades do defesa são manter o equilíbrio e jogar simples. Ao dobrar levemente os joelhos, os defesas, no futebol, estão sempre preparados para recuperar à frente da bola. O equilíbrio permite-lhes movimentos laterais simples, enquanto conseguem obrigar o atacante a ter de tomar trajetórias com ângulos mais abertos. Os defesas aprendem cedo a serem pacientes, a manterem o atacante à sua frente e a conduzirem o ataque para onde querem, eliminando ou atrasando os seus movimentos.

O termo “Tackling” é futebolístico e descreve a ação de desarme do defesa. É usado normalmente na reação a um erro do atacante.

Num jogo em que uma ação ofensiva bem-sucedida pode dar a vitória, uma ação irresponsável (tentativa de desarme) pode originar a derrota. O basquetebol tendo semelhanças é, contudo, um jogo diferente, nomeadamente na pontuação. 

A posição “upward” requer movimento constante e correto trabalho de pés com ângulos adequados. Os defesas devem estar sempre à frente da bola e entender que não devem correr riscos desnecessários para não serem batidos (figura 5).

 

Trabalho de pés na posição “Upward”.

Figura 6 - Defesa sempre à frente da bola - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

O guia principal deste posicionamento defensivo é definido pelo "Coach” Popovich (Spurs) quando refere: “Just keep backing up(Mike, 2017).

Num passado recente, os Spurs tiveram sucesso na defesa sem terem uma equipa muito atlética. A vantagem da equipa era o QI e a disciplina dos seus jogadores, que utilizavam bem o conceito “Upward”.

Tudo isto parece muito fácil, mas não é.

 

Consideramos dois pontos determinantes na execução do posicionamento “Upward”:

1. O defesa deve estar sempre à frente do atacante (figura 6) com ângulo fechado.

O defesa deve manter a distância e o enquadramento relativamente ao jogador com bola.

Muitas vezes os defesas abrem a sua posição fazendo drop step” (passo à retaguarda) comprometendo a posição defensiva inicial.

O “drop step” dá possibilidade ao atacante de descobrir um caminho favorável para o cesto, enquanto retira o defesa da sua posição favorável.

O defesa deve deslizar para o lado e para trás o que lhe permite manter uma boa posição. Muitos treinadores continuam a ensinar e a treinar o “drop step” e muito poucos ensinam o chamado “Pop back slide“, que possibilita manter o enquadramento defensivo (a explicar no próximo ponto).

2. O defesa não deve baixar os quadris para continuar numa boa posição e ficar com várias opções para parar o ataque.

Isto não quer dizer que com a posição “Upward” a defesa deixe de pressionar a bola, muitos jogadores conseguem manter a pressão e roubar bolas.

Este posicionamento permite que mesmo um defesa com limitações consiga marcar bons atacantes.

O posicionamento “Upward” permite apenas as seguintes opções ao atacante:

  • Passar a bola;
  • Lançar (“pull up jump shot”);
  • Finalizar sobre o defesa.

Se opta pela solução 2 e o defesa estiver enquadrado (bola-eu-cesto), este pode contestar o lançamento, o que no basquetebol atual é muito importante.

Se o atacante optar por ser agressivo e atacar o cesto, mesmo contra uma boa posição defensiva, o defesa está pronto para conter essa agressividade.

Esta técnica é denominada 'Popping', a qual é a maneira mais rápida de ajustar a posição defensiva em relação ao adversário direto.

Quando um jogador baixa a bola para iniciar uma penetração em drible, o defesa pode reagir rapidamente afastando-se dele (popping away”).

No “Pop back slide” o primeiro ênfase é mesmo recuar e controlar o atacante. Depois face à reação do atacante, o defesa ajusta a posição (“Slide”), movimento de pés, diminuindo a distância e mantendo o enquadramento.

Quando o atacante reage ao “pop” do defesa levantando a bola para lançar, o defesa fecha rapidamente saltando para frente.

 Quanto mais atlético for o defesa, maior será a distância que poderá percorrer com um 'pop'.

 

Outro conceito importante é o denominado controle perturbador.

Se a defesa pressiona, por exemplo, no quadril direito, tapando a mão direita, a única forma que o jogador com bola tem de atacar é pela esquerda. Fica só com um caminho. Assim, quando um defesa em “Forward” muda constantemente a sua posição defensiva, modificando a sua opção inicial (tapando uma vez a mão esquerda e depois a direita), vai obrigar o atacante a ajustes e a pressão continua.

O defesa consegue modificar o comportamento do atacante, obrigando-o a mudar direção (“turn”). A antecipação e a reação permitem fazer com o posicionamento “forward”, que o atacante tenha de tomar outra opção. 

A isto chama-se controle perturbador”. E o mais curioso é que quanto mais pressiona a defesa, mais atacante fica previsível, dando vantagem à defesa e frustra o atacante.

 

Técnicas adicionais.

O muro (“Walling up”).

Figura 7 – O defesa executa o “muro” - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

Se o atacante está determinado e ataca o cesto, o defesa deve estar preparado para condicionar este movimento.

O defesa deve acompanhar o atacante em drible e estabelecer um muro, “walling up”, figura 7, para contrariar o movimento, sem fazer falta.

Deve procurar o contacto físico com o peito, enquanto estende os braços na vertical. 

A frase: “mãos atrás das orelhas“, serve para dar ênfase ao movimento.

Tal como os postes usam a verticalidade para proteger o cesto, os defesas do penetrador em drible devem também usar a verticalidade neste movimento constituindo uma parede forte. Tomemos como exemplo o muro de Texas Tech (Tucker & Thorson, 2019).

Muitas vezes os defesas tentam fazer o muro e sofrem ponto ficando debaixo do cesto. Estes defesas usam um “muro destruído”, porque deixam de manter o contacto com o peito que serve para desviar o atacante da trajectória mais favorável. Garantir que não há separação entre os dois jogadores, na tentativa de lançamento do atacante em desequilíbrio no ataque ao cesto é fundamental.

Outra informação importante para os defesas na execução do muro físico é encorajar os mesmos a “fazerem falta”, com a parte inferior do copo e continuarem com uma posição legal na parte superior.

Se o defesa conseguir usar o “Upward”, mantendo o atacante à sua frente com correto trabalho de pés, fica preparado para contestar lançamentos e para desviar atacante do cesto.

Assim, o uso de um “muro forte e móbil” permite concretizar este objetivo.

Importante reforçar que queremos afastar o atacante da trajetória mais favorável e que lance em desequilíbrio.

 

Ganhar falta ofensiva.

Figura 8 – Ganhar falta ofensiva- foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

Nalgumas situações, um atacante agressivo face a desajustes na marcação consegue também derrubar o muro.

Nestas situações, os defesas devem conseguir transformar esta vantagem do atacante em proveito próprio, usando o “slide charge” que é o mesmo que ganhar falta ofensiva (figura 8).

Se pensarmos no deslizamento lateral e para trás da posição “upward” a regra é bastante clara: se o defesa consegue manter a posição legal quando vem para trás e se o contacto é feito pelo atacante é falta ofensiva (fora do semicírculo de carga).

Assim, deslizar lateralmente e para trás, para impedir a penetração e depois cair para ganhar falta ofensiva, constitui um trabalho pés, que permite condicionar o ataque. Esta técnica é útil.

Para defesas que defendem em cima e contestam atacantes agressivos.

Os defesas devem reconhecer a importância de ganhar faltas ofensivas, já que assim não forçam apenas uma perda de bola ao adversário (“TO”), mas também conseguem conquistar uma falta, normalmente a um bom jogador e, ao mesmo tempo, somar uma falta ao adversário.

 

“Wide steal”.

A posição “upward” permite uma postura defensiva larga que impede o caminho do atacante para o cesto.

A envergadura do defesa é importante para a eficácia desta posição defensiva.

Normalmente, o atacante tenta atacar as ancas do defesa para penetrar em drible.

Contra o posicionamento defensivo “Upward” o atacante coloca normalmente a bola diretamente na extensão da reação do defesa alcança, procurando as costas do mesmo.

Se o atacante dribla para a direita do defesa com uma postura aberta, este deve atacar a bola com a mão esquerda, rodeando o atacante para roubar a bola por baixo.

Se o atacante optar por arranca com um ângulo aberto, o defesa desliza para uma posição, quadril a quadril (“hip to hip”) para roubar a bola com a mão exterior.


Figuras 9 e 10 – Atacar a bola por fora - foto Lockdown defense (“Michael Jagaki,” 2021).

O defesa não só impede a penetração como, muitas vezes, consegue o roubo de bola (figuras 9 e 10). Muitos defensores tem esta habilidade natural.

O mais difícil, contudo, é estar numa boa posição inicial. Os jogadores necessitam de treino e tempo.

Com a posição Upward”, o defesa pode também ser pressionante em relação à bola, impedindo não só a penetração direta em drible para o cesto, contestando lançamentos (não permitindo lançamentos fáceis), interferindo nas linhas de passe e roubando bolas (Mike, 2017).

 

RESUMINDO:

Posição “upward” - para cima

  • Enquadramento: bola, eu e o cesto;
  • Deslizamentos laterais e para trás;
  • Amplo alcance;
  • Contesta tudo;
  • Não requer grandes atletas fisicamente.

Postura defensiva

  • Leve flexão dos joelhos;
  • Pés à largura dos ombros;
  • Peito para cima;
  • Ombros, quadris e calcanhares em linha.

 

Posição “Forward“ - para a frente.

Figura 11 - Posição “Forward” - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

A posição “Forward stance” (figura 11) é mais usada numa defesa pressionante.

Pouca flexão dos joelhos, base alargada e posição paralela das costas em relação ao solo.

Com esta posição, o defesa ocupa e entra no espaço do atacante sem necessidade de movimentar os pés para a frente, aumentando a sua área de interferência.

Esta posição requer flexibilidade e explosividade, mas nada disso obriga a que o defesa tenha de ser um jogador de elite.

Muitos defesas NBA usaram ou usam esta posição defensiva:

Figura 12 - Michael Jordan na defesa - foto Sportskeed 2018.

Jogadores como Michael Jordan (figura 12), Kobe Brian e Patrick Beverlay entre muitos outros defendiam em posição “Forward”.

Patrick Beverlay defende sempre á frente da bola (Allen, 2021).

Beverley é um defensor agressivo. Alguns de seus melhores momentos na defesa podem ser obsevados neste vídeo (Bleacher, 2020).

A consistência dos jogadores e o sucesso deste posicionamento inicial (“Forward stance”) é também determinado pelos emparelhamentos defensivos (“match up”) da equipa.

Quando pensamos em movimento e defesa, somos levados a pensar só no basquetebol. É importante, contudo olhar para outros desportos, aprendendo e avaliando as diferenças que levam ao sucesso.

Esta posição “Forward” é um bom exemplo dessa aprendizagem. O futebol americano sempre usou esta técnica, com os “Cornerbacks” e os “Safeties” a aplicarem esta posição defensiva nos treinos.

Figura 13 - A posição de “Forward” no futebol americano - foto Maryland Football 2022.

Os treinadores no futebol americano dizem frequentemente para colocarem os jogadores nessa posição: cotovelos!  Joelhos!

Com esta postura, os jogadores de futebol americano (figura 13) conseguem ser explosivos nas suas ações em todas as direções.

No basquetebol a ideia é semelhante no que diz respeito à posição ligeira:  fletir os joelhos, dobrar os quadris e colocar as costas paralelas ao solo.

No basquetebol, o defesa nesta posição consegue dificultar o uso do “Pocket drible” mantendo o equilíbrio e o enquadramento defensivo (“square”).

 

Técnicas adicionais.

“Pocket steal “.

 

Figura 14 - Roubo de bola a partir da posição “Forward” - foto FIBA (“Eurobasket,” 2022).

Muitos jogadores ainda ignoram a posição “forward“ (figura 14) na defesa ao driblador, roubando poucas bolas.

O defesa consegue com a esta posição antecipar ações e a escolher os momentos certos para atacar e roubar a bola.

 

A contagem silenciosa com o tempo e técnica correta.

Acrescentando ao posicionamento inicial “forward“, os treinadores podem ensinar o ritmo e “timing” do roubo de bola.

Assim, quando o atacante dribla, o defesa faz uma contagem até 3. A contagem é feita quando a bola toca no solo. O atacante normalmente não modifica os ritmos do drible facilitando o roubo da bola. Na 3 ª contagem, o defesa deve tentar o roubo da bola.

O atacante, com trabalho pés continuo e mãos ativas, não fica à espera e o defensor aproveita o facto de o atacante não ter o controlo da bola para “ir ao bolso do atacante” para lhe roubar a bola.

Na contagem silenciosa, o defesa ataca quando a bola não está nas mãos do atacante. Está a sair do solo para cima.

Esta técnica é mortífera e é normalmente aplicada quando o atacante em drible ultrapassa o meio-campo, para iniciar ataque posição (Mike, 2017).

 

Fintas defensivas.

Numa defesa pressionante é mais difícil iniciar a pressão do que manter a pressão. Esta parte é a mais vulnerável da defesa, que quer retirar iniciativa e espaço ao atacante com bola.

Nesta altura, o defesa ainda não condicionou o atacante (controle disruptivo) e fica vulnerável em qualquer direção e momento.

Por outro lado, se se aproxima demasiado rápido ou de forma agressiva, o defensor vai ser provavelmente batido.

Este momento inicial é delicado para a defesa do portador da bola.

Necessita de ajuda das denominadas técnicas de “stuting”, que não são mais que fintas defensivas.

Este conceito é mais aplicado pelos jogadores que não marcam a bola, mas podemos aplicá-lo também na bola, para ganhamos algumas vantagens.

O jogador que marca o portador da bola finta aumentando ou diminuindo a distância relativamente ao atacante, cria incertezas.

Quando o atacante em drible entra no meio-campo ofensivo, em vez do defesa reduzir drasticamente o espaço, pode fazer finta de aproximação para ver qual a reação do atacante.

 

Finta e rouba a bola.

A posição “Forward“ coloca muita pressão no confronto direto com o atacante. Se o defesa juntar à posição, as fintas defensivas vão provocar incertezas e pode mesmo provocar o roubo de bola ou que pare o drible.

No passado, Clyde Drexler era um especialista desta técnica de finta e roubo (“stunt steal”). Ao marcar, o portador da bola usava as fintas defensivas e estudava os adversários, nomeadamente as reações que tinham às fintas. Posteriormente voltava a fintar e antecipava a reação do atacante para roubar a bola.

 

RESUMINDO:

Posição Forward - para a frente:

  • Pressão no driblador;
  • Trabalho de pés constante;
  • Área de influência;
  • Controlo disruptivo;
  • Atletas médios fisicamente.

Postura defensiva:

  • Ligeira flexão dos joelhos;
  • Rotação de quadris;
  • Costas paralelas ao solo;
  • Base larga.

 

Conclusão:

Os treinadores nunca dizem para defender de pé, na verdade, o que querem é que os jogadores defendam mais baixo.

Mas nem sempre essa é a melhor solução.

A melhor postura é aquela que mantém o equilíbrio e o enquadramento. Para isso, o defesa deve estar numa posição à frente do seu adversário direto para poder reagir rapidamente e conseguir movimentar-se com o atacante.

A posição defensiva inicial é a base da defesa, mas o trabalho de pés e mãos complementa o edifício da defesa.

Se os defesas usam uma postura totalmente ereta (“upward” – para cima) conseguem reagir ao movimento do atacante. O defesa está pronto a recuar, deslizar lateral ou a avançar para pressionar.

Contudo, com a posição clássica ou com a posição “upward” a defesa é incapaz de alargar a sua zona de influência e de pressão.

Já a posição “Forward” (para a fente) limita o uso do “pocket drible” porque o defesa consegue aumentar o seu raio de ação ao colocar o peito à frente dos pés, ao fazer a extensão dos ombros na direção do atacante aumentando a agressividade defensiva. 

O defesa em vez de pensar em roubar a bola deve pensar, sim, em criar problemas ao atacante.

A posição forward implica muito trabalho de pés, os pés não podem parar, para os defensores conseguirem ser agressivos e para estarem preparados para responder à reação do atacante.

Quando o defesa ataca, o atacante antecipa e força a resposta. Só assim se joga a um nível superior.

A postura “forward” permite que o defesa se movimente rapidamente em qualquer direção, o que é uma necessidade na defesa agressiva de perímetro.

Quanto mais se pressiona o portador da bola, mais este fica previsível nos seus movimentos.

O primeiro passo defensivo é determinante. Os defesas devem estar aptos a movimentarem-se muito rápido para frente, para trás ou lateralmente.

As formas com as equipas defendem os jogadores sem bola influenciam a forma de defender o portador da bola.

Por exemplo, uma equipa que opte pelo posicionamento “upward” necessita de uma ajuda forte nas linhas de passe, para eliminar os triplos. Isto porque o objetivo desta defesa é conter e proteger o cesto.

A defesa “upward” a equipa pode marcar bem no 1x1 as penetrações e no limite condiciona a penetração com o “muro” estabelecendo contacto físico.

Por outro lado, se defende “forward”, pressionando a bola, o defesa do portador da bola necessita de mais ajuda na defesa das penetrações em drible.

Ambas as posições têm méritos e dificuldades. A maioria das equipas usa as duas.

Ninguém diz que defender é fácil. O objetivo dos treinadores é criar um sistema defensivo efetivo. E para isso, nada melhor do que ensinar e treinar a técnica e a tática individual defensiva começando pela posição inicial. 

A melhor opção mesmo é ensinar as duas formas descritas.

 

Referências:

Allen. (2021). Patrick Beverley Defense Secrets Breakdown. Retrieved September 1, 2021, from https://www.youtube.com/watch?v=32-UFtUnYuI

Bleacher. (2020). Patrick Beverley Is A Force On Defense. Retrieved September 1, 2022, from https://www.youtube.com/watch?v=gH5w8lSlXTc

Lewis, B. (2022). How an engaged Kyrie Irving on defense can unlock everything the Nets could be. Retrieved September 1, 2022, from https://nypost.com/2022/03/12/how-an-engaged-kyrie-irving-can-unlock-what-the-nets-can-be/

Mike. (2017). The Swipe Steal - Become a Lockdown Defender. Retrieved September 1, 2022, from https://www.youtube.com/watch?v=Xxle2D3Pf3o

Strauss, E. S. (2014). In defense of Andre Iguodala. Retrieved September 1, 2022, from https://www.espn.com/blog/truehoop/post/_/id/66294/in-defense-of-andre-iguodala

Tucker, & Thorson. (2019). Texas Tech Defense- Walling up. Retrieved September 1, 2022, from https://www.youtube.com/watch?v=RSZA6IbRffs

 

 por Mário Silva

16-10-2022












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