No ataque, as equipas procuram criar rapidamente uma vantagem para marcarem um cesto fácil. No basquetebol atual, a combinação ofensiva mais simples e popular é o bloqueio direto (“Pick-and-Roll”), com muitas equipas a usarem esta combinação, em mais de metade dos seus ataques.
A troca no basquetebol é uma tática
defensiva, na qual dois defensores mudam as marcações dos jogadores ofensivos
para impedirem as oportunidades de pontuação perto do cesto ou no perímetro.
O site Hoop studente aborda de
forma detalhada o tema das trocas defensivas nomeadamente no que diz respeito
aos conceitos e aos exemplos (Hoop studente, 2022).
Equipas defensivas que são versáteis,
flexíveis, rápidas e com estatura adequada podem beneficiar desta defesa. Assim,
independentemente da estatura, todos os jogadores devem estar preparados para
defenderem tudo e todos (exteriores ou interiores), continuando a ser efetivos,
mesmo em condições desfavoráveis.
A opção da troca defensiva tem alguns
riscos:
- o defensor do portador da bola pode ficar preso no bloqueio e ficar fora do jogo;
- os defensores em ajuda podem cometer erros nas rotações defensivas;
- o bloqueador pode abrir linha passe interior ou exterior.
Contudo, a principal desvantagem das
trocas na defesa tem a ver com as incompatibilidades provocadas pelos
denominados “mismatches”:
jogadores postes mais lentos a defenderem jogadores do perímetro mais rápidos
ou, pelo contrário, jogadores do perímetro mais baixos a defenderem jogadores
altos no interior.
Defesa do “Mismatch” no perímetro
Se o poste fizer um bloqueio para o base na linha de três
pontos e a defesa optar por trocar de marcação, a primeira incompatibilidade
aparece no exterior, porque o base mais rápido está agora a ser defendido por um
poste mais alto e “mais” lento.
Os jogadores exteriores talentosos no
jogo do 1x1 rapidamente encontraram uma solução para combater a troca e
ultrapassar um defesa mais alto. Alguns usam mesmo os bloqueios diretos para
escolherem os adversários com quem querem atacar em situações de isolamento
(normalmente os piores defensores). Desta forma, aproveitam as fraquezas
contrárias e resolvem o problema da troca criando uma vantagem para si mesmo.
Quando o base
joga 1x1 e
tem vantagem de velocidade e de técnica face a um defesa mais lento, o defesa dá
mais espaço, para impedir a penetração em drible (oportunidade para um
lançamento aberto) ou marca em cima (e é batido na penetração).
Então qual será a melhor estratégia a adotar na defesa do 1x1 no perímetro
após troca defensiva?
Uma das estratégias é coletiva e
denominada de ajuda nos buracos (“Gap Help”), onde os defensores que não marcam o portador da bola no
perímetro ficarão numa ajuda pronunciada, em triângulo entre o seu adversário e
o portador da bola. O objetivo desta defesa em ajuda é claro: condicionar 1x1
evitando as penetrações em drible, mas sem deixar completamente o seu
adversário direto.
Figura 1 - Para defender Giannis Antetokounmpo, em situação de
“mismatch”, a equipa dos Celtics fechou os buracos - Foto Lockdown defense 2022.
Com esta estratégia (figura 1), o espaço do ataque para
jogar 1x1 no perímetro fica muito reduzido.
O plano defensivo das equipas NBA contempla a
defesa “Gap help” (Terzi, 2022).
Como defender o “mismatch” no interior?
No basquetebol, os jogadores de elite
são polivalentes tanto no ataque como na defesa. Assim, faz todo o sentido que
todos aprendam a defender no interior mesmo em desvantagem física, dado que a
situação mais complicada para a defesa com trocas acontece quando o ataque tem
jogadores interiores altos com qualidade e consegue cravar a bola dentro, para
explorar as vantagens no 1x1 interior.
O defesa em situação de inferioridade
física defensiva no interior tem de entender os objetivos básicos, para
conseguir desenvolver um árduo trabalho técnico.
Os experientes técnicos norte americanos Bob Kloppenburg, Tom Newell e
Ernie Woods ensinam ao detalhe como defender jogadores interiores (Hooptactics, 2022).
Impedir ou dificultar a entrada da bola
A defesa do jogador interior tem de
começar antes deste receber a bola e não depois. O defesa, em inferioridade
física, após a troca, não deve permitir que o atacante conquiste de forma
tranquila a posição mais favorável e deve obrigar o atacante a receber longe do
local que deseja.
Para um defesa mais baixo ou mais
fraco fisicamente ter sucesso na defesa do 1x1, é imperativo e fundamental que consiga
ganhar este “combate” inicial .
A técnica utilizada pelo defesa
denomina-se “Jam”: o
defesa contacta cedo com o atacante para impedir o seu movimento favorável.
Se o atacante conseguir ganhar uma
posição favorável, no interior, a “batalha” fica mais complicada para quem
defende já que, se o atacante recebe a bola a poste médio, ele pode facilmente
explorar a vantagem física no 1x1.
É, pois, muito importante jogar em
antecipação e defender bem, para o defesa vencer este confronto.
A “batalha” defensiva pela conquista
da melhor posição tem de começar cedo e não é fácil.
O defesa deve manter a tranquilidade e usar a técnica adequada para não ser penalizado pelo árbitro. Eventualmente pode ganhar faltas ofensivas ou técnicas ao oponente.
Figura 2 - Na defesa do “mismatch” interior o
defensor se que ter sucesso deve começar cedo o trabalho - Foto Lockdown defense
2022.
A técnica “Jam” (figura 2) tem por base o contacto físico com a
interposição corporal baixa do defesa na trajetória do atacante.
Figura 3 -.A “batalha” pela posição leva a que o defesa se tenha de
antecipar de preferência longe do lugar em disputa - Foto Lockdown defense 2022.
Nesta “batalha” pelo ganho da posição, o jogo nem sempre é limpo (figura 3). Contactos frequentes entre jogadores e algum “teatro” fazem parte desta luta. O coach Mike Jagacki ensina não só a defesa pela frente como também alguns ajustes importantes (Jagacki, 2022). No seu canal Youtube, o mesmo coach Mike fala da defesa dos “mismatchs” interiores com detalhe e minúcia (Jagacki, 2022).
Marcar pela frente
A opção mais frequente após a troca e com o
ataque a querer explorar no interior o “mismatch” é a defesa do poste pela frente, com o jogador defensivo a
ganhar uma posição entre a bola e o poste baixo.
Para defender nesta posição, o
defensor tem duas opções:
1- Marca pela frente e de costas para
o atacante (figura 4 e 5).
Figura 4 e 5 – Defesa jogador interior pela frente - foto Hooptactics 2022.
Quando a bola está no
jogador exterior, o defensor assume uma posição à frente do poste (Figura 4) e controla o
atacante “sentando-se”
na coxa do adversário, um braço estabelece contacto em baixo com a perna do
oponente e o outro fica estendido para cima na linha de passe.
A posição defensiva é fletida com o objetivo de impedir o passe direto e de forçar o oponente para a área de três segundos (figuras 4 e 5).
2- Marca
de frente e “cara a cara” com o atacante (figuras 5 e 6)
Figuras 5 e 6 – A posição “cara a cara”
pode também ser implantada para impedir o passe ao poste. foto Hooptactics 2022.
O defensor pode assumir
uma posição “cara a cara” com o atacante (Figura 5) com as duas mãos
erguidas, forçando o oponente a entrar na área restritiva e mantendo sempre a
visão da bola (olhando para trás e por cima do ombro).
Quanto mais o defesa consiga direcionar o jogador poste na direção do cesto, mais difícil fica o passe em arco (Figuras 5 e 6).
Trabalho de equipa
Figura 7 - O sucesso da defesa do
poste depende muito da eficácia do trabalho da equipa nas ajudas e
rotações - Foto Lockdown defense 2022.
A tarefa inicial no
trabalho coletivo defensivo passa pela ajuda a partir do lado contrário da bola
(figura 7), de forma a prevenir e a desencorajar um passe em arco por cima do
poste.
Figura 8 - Com o jogador interior marcado pela frente os jogadores defensivos na ajuda devem ajustar a posição na área pintada com um pé dentro protegendo a defesa do poste e forçando maus passes no ataque (“Pack the paint”) - foto Gabo Loaiza 2022.
A ajuda coletiva permite minimizar os
riscos da defesa do jogador interior pela frente (figura 8).
É importante que os treinadores
entendam quais as fraquezas desta forma de defender e quais as estratégias
normalmente utilizadas pelo ataque.
A primeira reação ofensiva básica à defesa pela frente é a subida de um jogador à posição de poste alto para abrir uma linha de passe que possibilite, com a combinação poste alto/poste baixo (“high/low”), alimentar o poste.
A tripla troca
Para minorar as
incompatibilidades (próximas do cesto), uma outra estratégia que pode ser
aplicada é implementar uma troca entre três jogadores.
O jogador ofensivo que
colocou o bloqueio direto “rola” para o cesto e a defesa em desvantagem no
interior reage executando uma troca entre três jogadores.
A ação inicial ocorre na
troca entre o defensor original do portador da bola e o defensor do bloqueador (1ª
troca).
Um outro defensor que
marca um jogador sem bola (um terceiro defensor) no lado oposto do bloqueio,
normalmente mais alto do que o defensor inicial da bola, passa a marcar o
jogador que “rola” para o cesto (2ª troca).
O defensor inicial do
portador da bola que joga bloqueio direto muda para a marcação do terceiro
defensor que está no perímetro (3ª troca).
Com o recurso a esta
estratégia, a defesa consegue diminuir a produtividade ofensiva perto do cesto.
Figura 9 - Um exemplo da defesa de tripla troca face ao bloqueio
direto central O atacante 1 dribla para o lado direito aproveitando o bloqueio
direto de 5.
O defesa X5 troca e sai a marcar 01.
Ao mesmo tempo, X3 marca o bloqueador 05 que rola para o cesto enquanto X1
passa a defender 03 (figura 9).
Sendo importante o trabalho coletivo
da defesa para resolver este problema, contudo, o principal é o contacto físico
inicial e a técnica utilizada para defender o “mismatch”.
A defesa do passe em arco (“Lob”)
Figuras 10 e 11 – A responsabilidade do
defesa X3 é eliminar a oportunidade de passe direto e forçar o passe em arco.
X4 ajuda nas costas.
Se o atacante 03 passa
em arco (“lob”) para o poste (05), o defensor do jogador do lado contrário (X4)
roda e entra na linha de passe, para desarmar, ganhar uma falta ou fazer um 2x1
(figuras 10 e 11).
A pressão ao atacante 03 permite que os defensores do lado fraco ajudem e cheguem a tempo na rotação.
Defesa a ¾
O defesa do jogador interior, após a troca e na condição de inferioridade física não consegue sempre marcar pela frente, algumas vezes vai ter de negar (“deny”) a entrada dos passes para o poste marcando a ¾ do lado da linha bola cesto.
Figura 12 - O sucesso da defesa do poste depende muito da eficácia do trabalho da equipa nas ajudas e rotações - foto Lockdown defense 2022.
Figuras 13 e 14 - Quando a bola está acima do prolongamento da linha de lance livre, o defensor do poste assume uma posição sobremarcação a ¾ do lado da linha bola cesto - foto Hooptactics 2022.
Na posição de sobremarcação
a ¾, o
defesa deve tentar afastar (“Push out”) o atacante da posição favorável (figura
13).
Esta técnica é usada para aumentar a
distância na receção da bola.
Muitos atacantes abandonam a posição
mais favorável face ao contacto físico, na região lombar, provocado pelo
“empurrão” (“forceful push”) do defesa.
Quando a
bola está acima do prolongamento da linha de lance livre, o defensor do poste
assume uma posição sobremarcação a ¾ do lado da linha bola cesto.
Figuras 15 - Na entrada da bola o defesa ajusta a
posição passa a marcar um jogador com bola com o objetivo de impedir
finalizações fáceis - foto Lockdown defense 2022.
Se o passe
entra dentro, o defesa do jogador interior passa de uma posição de
sobremarcação a ¾ para uma posição de enquadramento a marcar o jogador com bola
(figura 15).
Figuras 16 - A defesa deve também responder de forma coletiva contra o 1x1 interior com vantagem física do poste, fechando na zona pintada (“Pack The paint) - foto Gabo Loaiza 2022.
Para além disso, quando a bola entra no jogador interior, os restantes defensores ajudam dentro com fintas defensivas (figura 16).
Figuras 17 e 18 - Com a bola no canto o defesa do poste sobremarca a ¾ do lado da linha final - foto Hooptactics 2022.
Quando a
bola é passada para o canto o defesa do jogador interior muda de posição
passando pela frente (passe penetrante) e passa a marcar do lado da linha final
(figura 17).
Defender
atrás
Figuras 19 e 20 Com o defensor atrás do poste, X1 deve usar o antebraço nas costas do atacante 5, forçando-o a sair do “bloco” - foto Hooptactics 2022.
Defender atrás pode ser o último
recurso, no caso de o defesa ter recuperado tarde na troca (figura 19).
Um braço controla nas costas o
jogador interior e outro braço fica em cima interferindo na linha de passe.
A defesa coletiva com o recurso a ajuda profunda (“Pack the paint”) ou com um “trap“ pode resolver o problema do “mismatch” interior (figura 20).
Ser agressivo e roubar bolas
Se o defesa não consegue
impedir que o atacante ganhe a posição interior e receba a bola, então deve
estar preparado para jogar na interceção e no roubo de bola.
Várias
são as técnicas que permitem concretizar estes objectivos.
No seu canal Youtube o coach
Mike ensina a defesa do jogador interior com bola (Jagaki, 2022).
“Hakeem Poke”
Esta técnica foi usada no passado por
Hakeem
Olajuwon, o
poste dos Houston Rocket (NBA).
Figura 21 - Hakeem
Olajuwon um
especialista da defesa – foto Rocketswire, 2022.
No passado, os duelos Olajuwon (Rockets) vs Pat Ewing (Knicks) ficaram famosos (figura 21).
Figuras 22 e 23 – Olajuwon começava por marca atrás do
poste, depois antecipava onde a bola ia entrar e interferia com uma tentativa
do lado do ombro exterior para roubar a bola com uma palmada. – fotos
Rocketswire, 2022.
Esta jogada defensiva necessita de
trabalho, mas é eficiente e de baixo risco (figuras 22 e 23). Para realizar o roubo
de bola, o defesa aproveita o contacto físico do defensor e desliza por fora do
ombro para onde é dirigido o passe. Aproveita o recuo do atacante e ataca a
bola para provocar um roubo. Se o defesa não tiver sucesso no roubo deve reagir
em conformidade reajustando a posição defensiva.
A defesa é um jogo de reação e
antecipação que envolve risco e recompensa. Esta técnica de interceção tem
riscos, mas deve ser aplicada quando o defesa entender que a receção do
atacante deixa a bola em boa posição para o roubo.
O
site Redit fez uma compilação dos
melhores momentos defensivos de Olajuwon (Redit 2022).
No canal Youtube do coach Michael Jagacki encontramos um trabalho que desenvolve bem o tema dos roubos de bola na defesa aos postes (Jagaki, 2022).
O “slingshot”
Inicialmente, o defesa marca a ¾ com
contacto com o antebraço nas costas do atacante e com interferência do outro
braço na linha de passe (“upper arm“).
Figura 24 – O
defesa marca a ¾ controla com o antebraço interior o atacante, luta com o braço
atacante e passa para a frente - foto Lockdown defense 2022.
O defesa marca a ¾, do lado da bola
cesto (figura 24) e ao passe, para o interior, deve sair a tempo da interceção,
interferindo na linha passe com a bola no ar.
Figura 25 – O
defesa com a bola no ar avança o pé recuado e ultrapassa o atacante - foto Lockdown defense 2022.
O
defesa reage rápido e entra na linha de passe (figura 25).
Figura 26 - O defesa tem de acertar o tempo de saída à interceção - foto Lockdown defense 2022.
O defesa intercepta a bola com a mão de fora no ar (figura 26).
O roubo “swim”
O roubo “Swim”
é a técnica individual ideal, quando um atacante rápido e agressivo ganha
vantagem a poste baixo.
Este cenário
é frequente após a troca defensiva ou na transição.
Figura 27 - Atacante com a posição ganha na área
pintada - foto Lockdown defense 2022.
Defesa em posição de desvantagem na área pintada (figura 27). Quando o atacante corta para a área pintada e consegue ganhar vantagem posicional, selando o defensor, este não pára e entra na linha de passe.
Figura 28 - Defesa em desvantagem evita ser “selado” no contacto físico - foto Lockdown defense 2022.
Para ganhar vantagem e
ter possibilidade de roubar a bola, o defesa em dificuldades deve colocar o seu
braço de dentro por cima do ombro exterior do oponente para evitar ser “selado”
no contacto físico (figura 28).
Figura 29 – O defesa com a técnica “swin impede um bom passe para o interior e recupera a bola” - foto Lockdown defense 2022.
Quando bem executada, esta técnica de braços do movimento “swim” permite passar o braço por cima do ombro interior do atacante e a posterior passagem para a frente do atacante de forma vigorosa (figura 29).
“Pippen Front”
A técnica “Pipen Front” é uma das mais
avançadas na marcação a um poste dominante.
Figura 30 – Scottie Pippen marcava com eficiência Larry Bird na posição de poste - foto Nobody Touches Jordan 2022.
A técnica “Pippen Front” foi muito utilizado por Scottie Pipen (Chicago Bulls) que marcava de forma eficiente tudo e todos (figura 30).
O canal Youtube Nobody
Touches Jordan mostra vários exemplos de Scottie Pippen a Larry
Bird (Jordan, 2022).
Esta técnica foge um pouco à
normalidade e contradiz muitas das prioridades da defesa aos postes. Pode ser
usada efetivamente para intercetar passes de entrada contra jogadores mais
físicos e poderosos.
O defesa no “Pippen Front” não defende a
3/4, porque isso significaria que ficaria numa posição relativamente débil em
relação ao poste. Os dois atacantes têm um trabalho muito difícil, porque o passador
necessita saber onde vai colocar a bola e, por outro lado, o poste necessita de
abrir uma linha passe.
Ao contrário do habitual,
com esta técnica, o defesa em vez de procurar o contacto, deve evitá-lo,
passando a ser como que um defensor “fantasma” na marcação ao poste baixo.
O benefício de defender
com movimento constante atrás sem contacto físico é o de impedir que o defensor
fique selado no confronto direto.
Do mesmo modo, também
convida o poste a aprofundar cada vez mais a sua posição, aumentando assim a
distância do passe de entrada.
Sem ter o foco da
“batalha” física com o atacante, o defensor pode ler melhor a situação e
antecipar o momento do passe de entrada.
Ao executar esta
técnica, o defensor tem caminho livre e, com movimentos curtos, rápidos e
ajustes finos, pode saltar para o lado da recepção, passando para a frente,
imediatamente antes do passe.
Figura 31 – Scottie Pippen evitava o contato
físico com o poste – foto Lockdown defense 2022.
A técnica de interceção “Pippen Front” (figura 31) ajuda na recuperação da posse de bola. Impedir que o poste receba a bola é fundamental, pois sem ela nenhum jogador pode marcar cestos.
As chaves desta técnica
são:
- O defesa precisa estar livre, sem contacto fisco com o atacante, para se puder movimentar ao redor do jogador do poste. Não deve ficar preso à esquerda ou à direita, e deve ser capaz de ver, a bola e o passador o tempo todo.
Esta técnica exige
“timing” e antecipação, mas sem contacto físico, o que dá vantagem ao defesa.
Figura 32 – O defesa o pé interior para jogar na antecipação. Salta para a bola – foto Lockdown defense 2022.
A técnica de interceção “Pippen Front” (figura 32) tal como todas as anteriormente descritas devem
ser usadas como uma segunda opção defensiva. A primeira tarefa da defesa é a de
ganhar a “batalha” física pela posição.
E se o atacante recebe a bola?
Se a defesa após travar a “batalha”
da posição, não consegue evitar a receção da bola ainda lhe restam algumas
soluções individuais e coletivas, na situação de inferioridade no “mismatch”.
”Smother”
Figuras 33, 34, 35 e 36 – Atacante com bola pára o
drible e enquadra com o cesto – fotos Lockdown defense 2022.
Se o atacante enquadra com o cesto
arranca em drible e depois pára o drible (figuras 33 a 36), a defesa não pode
perder esta oportunidade e deve aumentar a pressão, diminuindo a distância e
ajustando a postura defensiva (mais alta).
A resposta do atacante
para fugir à pressão será a de rodar para trás colocando o pé eixo na frente, o
que permite ao defensor avançar de forma a bloquear esse pé e a impossibilitar
que continue a rodar e a mudar o ângulo de passe. Esta é uma posição muito
vulnerável para o atacante.
Figuras 37, 38 e 39 – Atacante ainda não driblou, roda
e enquadra com o cesto – fotos Lockdown defense 2022.
Esta técnica também pode ser usada contra um atacante que ainda não tenha driblado, e que para evitar a pressão se coloca numa postura alta (figuras 37 a 39).
O defesa tem de ser rápido e ágil, para condicionar o atacante, avançando na sua direção, para lhe limitar o espaço de ação. Sem esse espaço, as opções ofensivas ficam muito limitadas: os pés do atacante ficam limitados com falta espaço e sem possibilidade de rodarem de forma eficiente.
O defesa deve ficar com os pés paralelos e ligeiramente para fora dos pés do atacante com dois braços acima da cabeça e a uma distância de uma mão do portador da bola.
Para exercer a pressão máxima em qualquer tentativa de passe, o defesa deve mover as mãos de um lado para o outro num movimento lateral, interrompendo e minimizando a visão do passador.
Se
mesmo assim conseguir iniciar o drible, o defesa não pode permitir um drible
fácil. Enquadra e fica à frente do atacante defendendo o 1.º drible, obrigando
a jogar para os lados e tentando ganhar uma falta ofensiva.
Se o atacante continuar a driblar, o defesa pode tentar o roubo de bola. Para isso, deve ter mãos e pés ativos.
Figuras 40, 41 e 42 – Atacante de costas para o cesto e com
bola em drible. O defesa aguenta o embate inicial controlando-o com o
antebraço nas costas do atacante – fotos Lockdown
defense 2022.
Algumas vezes, o atacante com bola no interior consegue uma posição favorável, para jogar 1x1 de costas para o cesto (figuras 40 a 42).
Com a técnica “Cushion”, o defensor
precisa jogar físico e suportar o contacto com o poste a uma distância curta.
Esta pequena almofada (“cushion”) permite que o
defensor aguente o embate inicial, já que para criar contacto (o contacto
físico favorece quem ataca), primeiro, o poste tem de cobrir a distância entre
os oponentes.
Este espaço permite que o defensor
recue, retirando o apoio corporal ao atacante, que fica em desequilíbrio.
Se o defesa controlar sempre as
costas do poste com o antebraço, fica em risco de ser ultrapassado (“selado”)
pelo atacante. Com a técnica “Cushion” o defesa encontra o momento apropriado
do contato e do recuo.
No blogue The Lockdown, encontramos um arquivo vários exercícios que explicam esta técnica (Jagacki, 2022).
“Chest in”
Figuras 43, 44 e 45 – Para o defesa estabelecer o
contato apropriado com o atacante tem de entender o trabalho do trem superior -
fotos Lockdown defense 2022.
Quando a defesa utiliza bem a técnica “Chest in”, o contacto é feito com a parte superior do tronco (o peito) e os pés devem estar em movimento, à mesma distância que estavam antes do contacto (figuras 43 a 45). Alguns defesas comentem o erro de estabelecer contacto com o adversário com as ancas o que facilita o trabalho do atacante.
O
trabalho de pés do defesa é fundamental o defesa estabelecer o contacto
apropriado com o atacante e entender a diferença entre o trabalho do trem
inferior e superior. Para o sucesso desta técnica, é necessário evitar o
contato com a coxa. Se o defesa estabelece contacto com a coxa, o ataque pode
aproveitar o contacto para selar a defesa e atacar.
É garantido que a defesa com o peito e a posição e movimentação dos pés (pequenos passos curtos) impede as rotações dos atacantes e os movimentos ofensivos.
Ângulo do triângulo
Figura 46– Na defesa do poste o defesa contata com o atacante procurando o ângulo certo - foto Lockdown defense 2022.
O
defesa do poste faz contacto com o atacante, através do peito e antebraço,
ajustando o ângulo corporal (figura 46).
Figura 47, 48, 49 e 50 – Defesa condiciona a progressão em drible do atacante na direção do cesto - foto Lockdown
É
claro que, se o defensor se inclinar demasiado sobre o poste, ficará mais vulnerável
a qualquer trabalho ofensivo.
Em vez disso, a defesa deve permanecer com pés ativos, base ampla e estar pronto para reagir (figuras 47 a 50).
Técnicas avançadas
Retirar a cadeira
Figuras 51, 52, 53 e 54 – O defesa empurra (“push”) o
atacante e depois retira o apoio - fotos Lockdown
Ao retirar o contacto físico, o defesa retira a cadeira onde estava sentado o atacante, que assim perde o equilíbrio e, muitas vezes, cai perdendo a bola (figuras 51 a 54).
O defesa estabelece cedo o contacto com o atacante, depois retira o contacto e frustra o atacante, que necessita do apoio para atacar.
Na receção
A
defesa tem muitas oportunidades para retirar a cadeira ao atacante. Uma delas é
na receção, onde o atacante tenta rodar ou entrar em contacto com o defesa. O
defesa tem de adotar uma boa posição, ângulo de poste, cushion e alinhamento
peito.
Quando o atacante inicia o movimento, a defesa desaparece, o que faz com que o atacante perca o equilíbrio e que, provavelmente, cometa uma violação.
No 1.º drible
Muitos atacantes procuram o contacto físico no primeiro drible. Esta técnica tem sucesso se atacante consegue manter o contacto físico.
No 1º movimento
Na
defesa de poste disciplinado que consegue jogar de forma controlada, se o
defesa retirar cedo demais a cadeira, pode sofrer um cesto fácil.
O
defesa marca entre o atacante e o cesto e deve ter paciência para esperar pelo
movimento inicial, já que a maioria dos postes necessita do contacto do
defesa para usar as mudanças de direção.
Esta
técnica de risco joga com o fator surpresa, mas nem todos os atacantes perdem o
equilíbrio, quando o defesa retira a cadeira.
Com espaço, o atacante coloca muitas vezes a bola á frente do corpo o que permite ao defensor tentar o roubo de bola.
Falta ofensiva
Os
bons defesas não só conseguem marcar os jogadores interiores em situação de
desvantagem como inclusive conseguem ganhar faltas ofensivas.
É
também recorrente que os árbitros protejam os jogadores mais baixos e mais fracos
contra os mais fortes, o que pode jogar em favor da defesa no “mismatch”.
Conclusão
As trocas defensivas têm riscos, nomeadamente no que diz respeito aos “mismatches”, que podem provocar oportunidades a serem explorados por uma equipa ofensiva que tenha um ou mais jogadores qualificados tecnicamente.
No entanto, também devemos notar ser possível mitigar as incompatibilidades defensivas com defensores com boa técnica individual ou com o recurso à tática coletiva.
As incompatibilidades defensivas
aparecem no perímetro e no interior.
Relativamente ao perímetro, a maioria
das equipas resolve o problema com a denominada ajuda nos buracos (“Gap Help”).
Já na resolução do problema interior,
tudo começa mais cedo com o defesa em dificuldades a impedir ou dificultar a
entrada da bola com a técnica “Jam”.
Na marcação direta ao poste baixo, a
marcação pela frente é a mais utilizada, com o jogador defensivo a ganhar uma
posição entre a bola e o atacante.
O defesa não consegue sempre marcar
pela frente, algumas vezes vai ter de negar (“deny”) a entrada dos passes para o poste
marcando a ¾ do lado da linha bola cesto.
Defender atrás pode ser o último recurso, no caso de o defesa ter recuperado tarde na troca.
Se o defesa não consegue
impedir que o atacante ganhe a posição interior e receba a bola, deve estar
preparado para jogar na interceção e no roubo de bola. “Hakeem Poke”,
“slingshot”, “swim”, e “Pippen front” são algumas das técnicas usadas para
jogar na interceção.
Após travar a “batalha”
da posição, se a defesa não consegue evitar a receção da bola, ainda lhe restam
algumas soluções individuais e coletivas na situação de inferioridade no “mismatch”.
”Smother”, “Cuchion”, “Chest in” e “pulling the chair out”
são algumas das derradeiras soluções para a defesa.
Referências:
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por
Mário Silva
27-11-2022
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