O Basquetebol de Formação do Século XXI - por Mário Silva


A Espanha comanda o ranking jovem da FIBA, ganhou a maioria das provas internacionais, esta época, e tem o melhor basquetebol jovem da Europa.

Em Espanha, a maior “fábrica” de talentos basquetebolísticos funciona em Valência (Alqueria). Contempla num total de mais de 50 equipas, masculinos e femininas, 550 atletas de todas as idades, que estudam e jogam basquetebol, tendo ao seu dispor uma escola, …pavilhões para treino, serviços médicos, psicológicos, ginásios e salas de estudo … tudo no mesmo local.

Sessenta e quatro (64) treinadores coordenam a atividade, que desenvolvem em 8 pavilhões cobertos.

Este centro desportivo ocupa 15.000 m2 de superfície, foi construído em apenas 16 meses e custou 18 milhões de euros, financiados pelo mecenas Juan Roig. 

Figura 1 - Equipa de Sub 14 Masculinos Valência Basket

Este estudo diz respeito à equipa de Sub 14 do Valencia Basket, nos três recentes jogos da MiniCopa ACB, fase inicial:

No trabalho de análise da equipa, com posse de bola, procurei seguir os conceitos do artigo: O que vi no jogo, ao microscópio? (Oliveira, 2022), de forma a tentar entender quais os padrões e diferenças consistentes nos problemas-desafios que podiam ocorrer nos primeiros 8 segundos, nos segundos 8 segundos e os terceiros 8 segundos, de cada posse de bola, quer com bola, quer sem bola, no escalão Sub 14, da equipa de Sub 14 do Valencia. Ou seja, como é joga uma das equipas de referência do Basquetebol Espanhol no Escalão de Sub 14?

Com o recurso ao jogo dinâmico e a partir da recuperação da posse de bola, a equipa Valência Sub 14 procurou sempre levar a bola até ao cesto contrário com a máxima rapidez e segurança, a fim de conseguir criar boas opções de lançamento, no menor tempo possível. Este jogo rápido facilitou o apelo à criatividade e à imaginação dos jogadores, dando oportunidade a todos de marcar cestos.

O jogo é representado como um conjunto de jogos de posses de bola e, em cada posse de bola, é possível reconhecer problemas e desafios diferentes entre esses 3 momentos.

Como é que cada posse de bola diferia, ao longo dos 24 segundos? Para realizar esta análise, subdividi os 24 segundos de cada posse de bola em 3 (primeiros 8 segundos, segundos 8 segundos e terceiros 8 segundo). A partir do visionamento de 3 jogos (ACB, 2022b, 2022a, 2022c), elaborámos uma tabela (Excel) de ocorrências, registando na primeira linha, da primeira coluna, de cada folha: “1.ºs 8 Segundos”, na segunda coluna “2.ºs 8 Segundos” e na terceira coluna “3.ºs 8 Segundos”.

Depois, na segunda linha, de cada coluna, comecei a escrever os problemas-desafios que podiam ocorrer num jogo.

Na conquista da posse de bola, considerámos as seguintes situações:

  1. Ressalto defensivo;
  2. Bola recuperada;
  3. Cesto sofrido/bola linha final;
  4. Bola linha lateral.

1-       Contra-ataque, após conquista do ressalto

A equipa Valência conseguiu contra-atacar a partir do ressalto defensivo, que corresponde 23% das posses de bola, porque defendeu bem: bloqueando os atacantes e capturando a bola do ressalto.

Ao garantir o ressalto (tarefa individual e coletiva) recuperava a posse de bola, conseguindo concretizar a primeira opção ofensiva (defender a pensar no ataque).

Tabela 1 - Sequência de ações após ressalto defensivo, em função dos 3 momentos, de cada posse de bola.

A maioria das finalizações após a conquista do ressalto defensivo foi realizada nos 1ºs 8 segundos (72%) dos 24 segundos, com algumas finalizações nos 2ºs 8 segundos (26%) e raramente nos 3ºs 8 segundos (1%).

Após conquistar da posse de bola através do ressalto defensivo as situações mais frequentes de finalização diziam respeito a: 

  • Um jogador que conquista o ressalto sai em drible, “costa a costa e finaliza em: 1x0, 1x1, 2X1 ou 3X2, (25% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo).

Na formação, faz todo o sentido favorecer a saída do ressaltador em drible, subindo a bola até ao ataque (pelo meio ou pela lateral), enquanto os restantes jogadores ocupam os corredores livres o mais rapidamente possível, para garantir as opções de lançamento, em posições de eficácia.

Isto mesmo foi observado nestes jogos. Quem ganhava o ressalto podia driblar e esse era o prémio por estar concentrado e determinado na defesa. O resto dos companheiros, atuaram em conformidade e correram nos corredores laterais sem perderem o contacto visual com o driblador e com o cesto adversário, de forma a garantirem a superioridade numérica no meio-campo ofensivo e assim surpreenderem os defesas contrários. 

  • Um jogador que conquista o ressalto defensivo fazia 1 drible, e fazia o 1.º passe + quem recebia a bola jogava 1x1 ou aproveitava a superioridade numérica para jogar 2x1/ 3x2 (25% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo).

Estas ações ocorreram no terço inicial (1ºs 8 Segundos). A idade dos praticantes condiciona a saída para o contra-ataque a partir do ressalto com o recurso aos passes.

Contudo, o recurso a um drible e passe na sequência do mesmo é frequente nesta equipa.

A receção do primeiro passe foi quase sempre feita em movimento, tirando partido do artigo 25 das regras FIBA (receção 01 e dribla). 

  • Um jogador conquista a posse de bola com o ressalto defensivo e fazia um 1.º passe, a que se seguia um segundo passe e o jogo de 1x1 (13% das ações).

Estas ações decorreram nos dois terços iniciais do tempo posse bola (1ºs 8 Segundos e 2ºs 8 Segundos) e correspondem a 13% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo.

Outra forma de ganhar superioridade numérica após conquista do ressalto defensivo foi fazer um primeiro passe para uma zona de menor aglomeração de jogadores iniciando a progressão da bola até ao cesto adversário.

A rapidez da saída deste primeiro passe de contra-ataque foi determinante no sucesso das ações.

O resto dos jogadores não perdiam o contacto visual com a bola e corriam.

  • Um jogador conquista o ressalto defensivo faz um drible e passa a que se segue um segundo passe para um jogador “Trailer” que corria no corredor central para jogar 1x1ou para receber e passar para fora. Estas ações decorriam também nos dois terços iniciais e correspondem a 11% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo.

A equipa teve um jogo dinâmico e, para isso, todos os jogadores participaram no contra-ataque, todos corriam e podiam levar a bola para a frente.

Normalmente, três jogadores corriam à frente do portador da bola com os quatro corredores (dois centrais e dois laterais) visivelmente preenchidos. Isto implicava que o jogador que levava a bola para a frente não ocupasse exatamente a zona central, mas sim um espaço intermédio entre o corredor central e o lateral deixando livre um espaço intermédio para o 1.º “trailer” que corria à frente da bola, enquanto os outros dois corriam nas laterais abrindo o campo e correndo bem abertos.

Os “trailers” corriam pelo meio com mais espaço, para comprometer o trabalho da defesa. 

  • Quando o jogador conquista o ressalto defensivo saia em drible e passava. Deram mais passes e mudança do lado da bola para concluírem com 1x1. 

Esta ação ocorreu nos 1ºs 8 Segundos e corresponde a 9% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo.

  •  Quando o jogador conquista o ressalto defensivo saia em drible, entrava no ataque de posição (jogando 5 abertos ou 4 fora + 1 dentro e jogavam 1x1 com drible e reação.

Estas ações correspondem a 10% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo.

Sem número de ocorrências significativas:

  • Conquista do ressalto defensivo, passe inicial e conclusão direta com 1x1 (2%);
  • Conquista do ressalto defensivo PASSE inicial, DRIBLA e APOIA com passe ao CANTO, CORTA para jogar dentro 1X1 (2%);
  • Conquista do ressalto defensivo sai em drible até ao interior para jogar 1x1 ou passar para fora (1%).

2-        Exploração de situações da superioridade após roubo de bola

Esta situação envolve muitas variáveis e é complicada de resolver, nomeadamente no que diz respeito ao tempo, porque a superioridade dura muito pouco no jogo real, e ao espaço, porque só se reproduz numa zona determinada.

 

Tabela 2 - Sequência de ações após roubo de bola, em função dos 3 momentos, de cada posse de bola.

A finalização após conquista da bola a partir do trabalho defensivo e consequente roubo de bola ocorreu quase sempre nos 1ºs 8 Segundos do tempo ataque (80%), muito menos nos 2ºs 8 Segundos (20%) e nunca nos 3ºs 8 Segundos.

Esta situação corresponde a 15% das posses de bola totais.

Para garantir e conservar a vantagem adquirida pelo roubo/interceção, a equipa conseguiu mudar rápido o “Chip”, com todos os jogadores a correrem sempre participando no jogo rápido, do primeiro ao último minuto, hábitos certamente adquiridos no treino.

Dadas as limitações técnicas e físicas, próprias da idade (Sub 14), cometem-se muitos erros (média de 28 perdas de bola por jogo), o que não pode constituir um problema, já que o objetivo é desenvolver a criatividade e fomentar as tomadas de decisões. Não se pode penalizar os jovens pelos erros. A aposta num jogo de ataque rápido supõe correr riscos, o que leva a perder um maior número de bolas.

  • A situação mais frequente após roubo de bola diz respeito à saída com um drible e passe para concluir em 1x1 (29%) e ocorre nos dois terços iniciais. 

As situações de 1x0, 2x0 também aconteceram após um roubo de bola ou interceção.

Para provocar a perda de bola ao adversário, a equipa defende bem, nomeadamente no que diz respeito à grande pressão no portador da bola e ao fecho das linhas de 1.º passe.

  • Roubo de bola e saída “costa a costa” e 1X1 ocorre no terço inicial e corresponde a 25% destas conquistas de bola. Atacantes em drible com caminho livre atacam o cesto.
  • Roubo de bola saída em drible e finalização em vantagem numérica (3x1… 3x2…2X1) ocorre no terço inicial e corresponde a 13% destas conquistas de bola.  Nas situações mais normais as defesas reagiram e a equipa entrou no 2x1 ou 3x2. 

Sem número de ocorrências significativas: 

  • Roubo de bola com passe inicial saída em drible e 1x1 (7%).
  • Roubo bola com saída em passes +1x1 com lançamento interior ou exterior (7%).

Usam não só os “lay ups”, como também os lançamentos triplos com ressalto, seguindo a velha máxima de lançar se estão em boa posição e sem marcação.

Jogam 1x1 no interior e no exterior.

  • Roubo de bola com um passe inicial seguido de um segundo passe para o trailer“ que finaliza ou passa fora (7%).

Criam atenção dentro com a participação do “Trailer”.

A bola entra dentro (jogo 1x1) ou bola para “Skip” passe para lançamento exterior. Os jogadores mais altos entram no segundo contra-ataque (“secondary break”) possibilitando situações de 4x3 e 5x4.

  • Roubo de bola e entrada direta no ataque “Four around “+1 (5%)
  • Roubo de bola saída em drible com passe e corta com apoio nos cantos (3%)

Os jogadores dos corredores laterais serviam de pontos de apoio. O objetivo passava por fazer chegar a bola rápido aos jogadores colocados nos cantos/45º, fazendo o campo grande.

Cantos ocupados e linhas de passe abertas à frente da bola. 

  • Roubo de bola saída em drible para posição interior joga 1x1 ou passa fora para o outro lado (1%).

Os jogadores em boas posições lançavam e algumas vezes trocavam um bom lançamento por outro ainda melhor (extra passe). A equipa selecionou bem os lançamentos e não lançou só lançar triplos (26 triplos por jogo com 30%), optando por lançar mais vezes próximo do cesto (61 lançamentos de dois pontos com 45%).


3-   Recuperação da bola após sofrer cesto ou com reposição de bola na linha final

Esta situação corresponde a 28% do total das posses de bola.

Nas reposições linha final após cesto sofrido, a equipa distribuía os jogadores no espaço de forma a ajudar os mesmos a colocarem a bola em jogo e a superarem a pressão defensiva dos adversários.

Tabela 3 - Sequência de ações após cesto sofrido /  bola na linha final, em função dos 3 momentos, de cada posse de bola.

  • A situação mais frequente de finalização após ter sofrido cesto ou com reposição linha final corresponde á entrada direta no ataque de posição em 5 abertos /” Four around” + 1 jogando no “D.D.M.”, ou no passa e corta com conclusão com drible no 1x1 (35%) e ocorre ao longo dos 24 s com predominância nos 1ºs e 2ºs 8 Segundos.

Esgotadas as possibilidades de marcar cesto em superioridade numérica (possibilidade de marcar cestos “rápidos”), recuperada que está a defesa adversária, a equipa entrava na fase do ataque de posição. Se na fase inicial da aprendizagem faz sentido jogar em 5 abertos, posteriormente e tendo em conta as dificuldades criadas ao jogo de 1x1 pelas ajudas das defesas, que dificultam o jogo vertical de “fixar e dividir”, faz sentido passar para a disposição de “4 por fora e 1 por dentro”

Com a disposição assimétrica de 4 jogadores exterior mais 1 interior permite introduzir mais alguns conceitos gerais que pretendem enriquecer a capacidade ofensiva dos jogadores: cortes para áreas próximas do cesto, 1x1 interior.

Com o objetivo de ocupar bem os espaços, a equipa jogava preferencialmente em “4 Around” com poste no lado contrário ou 5 abertos sempre com movimento constante da bola e dos jogadores, procurando a criação de interações ou regras normas básicas entre companheiros de forma a criar soluções (automatizadas ou não) face aos problemas criados pela defesa.

Um dos conceitos aplicados foi o da mudança do lado da bola de forma a obrigar os defesas que estavam em posições de ajuda a passarem passar a pressionar os atacantes e, ao mesmo tempo, a obrigarem os do lado bola a passarem a ajudar.

A ideia é que algum deles se atrase ao chegar à sua nova posição e permita uma boa opção de lançamento.

Ao conseguirem mudar rápido o lado da bola, mediante um passe ao meio ou diretamente lado a lado, criaram boas opções ao ataque nomeadamente procurando melhores situações de 1x1.

O uso do drible e as reações dos jogadores sem bola criaram um ataque dinâmico e simples.

Regras simples do ataque:

1x1 em drible.

Reações jogadores sem bola Passar e movimentar-se.

  • Sofrer cesto e saída da pressão defensiva com duas linhas passe uma lateral e outra com corta para o meio atacando em vantagem pelo meio 3x2, o que corresponde a 21% desta situação, ocorre com maior frequência no terço inicial.

Na maioria dos casos, a reposição da bola fora foi feita pelo jogador mais próximo da linha final e da bola. Contudo, quando a equipa sofria pressão campo inteiro já era um jogador pré-determinado (um bom driblador). Para sair da pressão defensiva, a equipa jogou com dois recetores o que complicou o trabalho da defesa e aumentou a possibilidades de fazer um bom 1.º passe.

A movimentação dos jogadores sem bola para receção do 1.º passe foi feita com saídas em “Cruzes” com fintas e mudanças de direção.

Se recebiam a bola abaixo da linha de lance livre, faziam subir a mesma em drible no terreno e os restantes jogadores corriam.

Fazem chegar a bola ao corredor central com dois passes (1.º e 2.º passe). Normalmente quando um deles recebe o outro corta para o meio para receber o passe em corrida. Se não recebe continua o corte e sai pela lateral enquanto o portador bola sai em drible para a zona central. Se o recetor do 1.º passe não pode passar... dribla.

Algumas vezes optaram pela devolução da bola ao jogador que a repôs o que faz também sentido quando o adversário faz “Trap” ao provável primeiro recetor.

Raramente foi necessário recorrer a um terceiro jogador na zona central de forma a dar mais uma linha de passe à saída da bola. Muito importante o conceito de após colocada a bola em jogo, a equipa continuava a ser ofensiva lendo a defesa e atuando em conformidade. Assim, sempre que receberam com vantagem espacial mantinham essa vantagem e aproveitavam para finalizar em (3x2… 2x1) ou em ataques curtos e de boa %. 

  • Sofrer cesto e sair com passe inicial seguido de um segundo passe para entrar no jogo de 1X1, 2x2,3x3 ou no jogo das vantagens numéricas 2x1… 3x2… 3X3 (apoiando nos cantos) corresponde a 18% desta situação e ocorre com maior frequência no terço inicial. 

Tomaram decisões corretas em igualdade numérica.

A equipa aproveitou também a "vantagem" numa situação ofensiva em que conseguiu deixar o defensor suficientemente longe do lançador. Tal aconteceu a partir de uma situação de igualdade numérica (1x1,2x2 ou 3x3) com o recurso ao drible e á assistência.

Situações menos frequentes:

  • Sofrer cesto ou reposição linha final atacando diretamente em “4 around”/”ddm” com finalização em 1x1 com drible ocorre no segundo terço o que corresponde a 9% desta situação. Sem número de ocorrências significativas:
  • Sofrer cesto ou reposição linha final com passe inicial e 1x1 (3%).
  • Sofrer cesto ou reposição linha final com passe inicial, penetração+assiste 1x1 (4%).
  • Sofrer cesto ou reposição linha final com SAÍDA EM PASSES+ EXTRA PASSE +1X1 (2%).
  • Sofrer cesto ou reposição linha final com SAÍDA com passe inicial seguido de 1x1 (2%).
  • Sofrer cesto ou reposição linha final com SAÍDA com apoia cantos e corte (1%).
  • Sofrer cesto ou reposição linha final com SAÍDA com passe inicial+ segundo passe para trailer (1%).

4-     As reposições na linha lateral correspondem a 12% dos ataques.

Tabela 4 - Sequência de ações após reposição de bola n a linha lateral, em função dos 3 momentos, de cada posse de bola.

  • Na maioria dos ataques entram nos 5 abertos / “4 around” com o poste do lado oposto.
  • Usam o drible no 1X1(43%) nos 2ºs 8 Segundos do tempo ataque.
  • Com recurso a bloqueio indireto cravam, a bola dentro para jogar 1x1 ou passar lado contrário (21%) nos 1ºs 8 Segundos do tempo.
  • Entrada da bola rápido um passe e 1x1 (15%).
  • Nos 1ºs 8 Segundos, colocam rapidamente a bola em jogo (árbitro não toca na bola) recorrendo a passes e mudanças lado bola 1x1 (10%).
  • De forma equilibrada nos 1ºs e 2ºs 8 Segundos colocam a bola com passes no jogador mais alto 1x1 (8%).


Aprender a jogar de forma dinâmica

Tabela 5 - Resumo das ocorrências e percentagens de quatro situações, em cada um dos 3 momentos, de cada posse de bola.

Na conquista da posse de bola considerámos as seguintes situações:

  • cesto sofrido/bola linha final (28%);
  • ressalto defensivo (23%);
  • bola recuperada (15%);
  • bola linha lateral (12%).

O dinamismo ofensivo desta equipa foi conseguido com apelo ao recurso da mudança de “chip”, passando rapidamente da defesa ao ataque: (a) saindo rápido para o contra-ataque ocupando os espaços próximos do cesto contrário; (b) circulação rápida da bola, mudando o lado do ataque, com passes rápidos e precisos, criando agrupamentos e dispersões defensivas levando a bola a zonas interiores e posteriormente a exterior e vice-versa; e (c) movimento constante dos jogadores, ocupando os espaços livres, movimentos de receção simples e reajustes posicionais ocupando espaços deixados livres.

A equipa Valência Basket teve muitas perdas de bola, facto normal numa equipa de jovens que joga a alta velocidade e que assume riscos. Perderam no total 85 ataques sem lançarem ao cesto (média de 28 “T.O.” jogo, a que correspondem 22% das posses bola).

Como a ideia de jogo é jogar rápido, correndo riscos, então é normal que dos 301 ataques realizados, a maioria tenha sido desenvolvida nos 1ºs 8 Segundos inicial (0 e 8 segundos) correspondendo a 68% das posses de bola. Seguiu-se os 2ºs 8 Segundos (9/16 segundos), correspondendo a 28% das posses bola. Finalmente, raramente lançaram nos 3ºs 8 Segundos (17/24 segundos) a que correspondendo a 4% das posses de bola e nunca atingiram os 24 segundos.

Tabela 6 - Percentagem de utilização das posses de bola em cada um dos 3 momentos, 1ºs 8 Segundos, 2ºs 8 Segundos e 3ºs 8 Segundos.

 Só é possível jogar desta forma, porque a totalidade dos jogadores:

  • Muda rapidamente de “Chip” e domina os fundamentos básicos do ataque e da defesa aplicando os mesmos no tempo certo.
  • Tomam boas e rápidas decisões, respondem às incertezas do jogo, assumem riscos com naturalidade.
  • Jogam muito rápido, mas mudam de velocidade, de ritmo e de direção com o claro propósito de ganhar vantagem aos adversários.
  • No drible desbloqueiam o pulso, dominando os hemisférios da bola o que lhes permite dissociar o trem inferior do superior, dando poucos dribles com uma repetição elevada de apoios

Figura 2 - Uso da bola viva no ataque - Foto Malaga Hoy 2022.

  • O uso da bola viva, do push e do “cross push drible, não tem segredos para estes jovens.
  • São criativos no passe tomando decisões adequada para obter o melhor rendimento.
  • Variam os passes usando uma mão ou as duas, de forma estática ou dinâmica.
  • Alguns conseguem mesmo antecipar a ação do passe, isto é, entendem a situação de jogo antes de receberem a bola ganhando tempo à defesa.

O passe tem um papel importante nesta forma de jogar, porque ao recuperarem a bola após cesto sofrido /reposição bola pela linha final, colocam a bola em jogo (1.º passe) e rapidamente descobrem uma boa linha para um segundo passe (18% destas acções), o que permite concluir o ataque em 1x1 ou em vantagem numérica 2x1 ou 3x2, tendo como apoio neste passe os cantos ou 45º.

O passe é também importante quando a recuperação da bola é feita a partir do ressalto defensivo com 1.º e 2.º passe para conclusão em 1x1 (13% desta forma de conquistar a posse bola).

Passar e receber são as ações técnico-táticas que mais frequentes no jogo assim esta ferramenta de colaboração entre dois jogadores que tem agora com a regra do Passo Zero novas possibilidades.

A conquista da bola a partir do ressalto defensivo com saída com um drible e passe para jogo de 1x1 ou de vantagens 2x1 e 3x2, foi muito usada pela equipa (25%).

 

A importância da tática individual

O Valência constrói o jogo a partir da técnica e da tática individual ofensiva e defensiva do 1x1, já que tudo se reduz a uma contínua sucessão de decisões e reações.

Com e sem bola, a seu trabalho do 1x1 ajuda a fomentar a criatividade dos seus jogadores durante as tomadas de decisão no jogo. Jogam 1x1 vertical e agressivo a partir do drible útil, procurando o lançamento como a primeira prioridade com a máxima economia de ações (driblar é um meio e não um fim).

Atacam quase sempre o defensor direto com poucos dribles, com fintas, para o desequilibrar e o mais reto possível na direção do cesto. Nas finalizações do 1x1 a meio-campo recorrem a poucos dribles e ao domínio do trabalho de pés, com base no passo zero e no pé eixo.

No 1x1 sem bola, os jogadores trabalham para receber, procurando favorecer a ação do jogador com bola dando-lhe espaço para que drible (aclarar), dificultando a ação do seu defensor para que não ajude e oferecendo uma linha de passe para receber com vantagem No que diz respeito a dois dos elementos que mais vantagens criam: as paragens (um, dois e três tempos) e os arranques (com a mão exterior ou com a mão interior).

Conceitos relacionados e que são a chave das mudanças de ritmo e de direção.

 

Finalizar com o passo zero

Passar na sequência do drible permite entrar no jogo dinâmico, com o portador da bola a encontrar o momento exato para o passe.

Nesta equipa, são frequentes os lançamentos na sequência da progressão em drible a caminho do cesto, perante a ausência de oposição ou aproximação tardia.

Nas finalizações recorrem a dois apoios (01) ou a 3 apoios (012), lançando com a mão de fora ou com a mão de dentro.

No contra-ataque, conseguem passar bem em movimento, o que lhes permite o tal jogo dinâmico, sem grandes pausas e usando Transições rápidas.

Quando os movimentos ofensivos não têm sucesso inicial, recorrem aos contra gestos (alternativos) para solucionar o imprevisto.

Dominam bem a técnica individual com dois ou três contra gestos básicos.

Neste escalão, não faz nenhum sentido realizar ataques lentos e controlados.


Tudo começa na defesa

As equipas como o Valência triunfam porque defendem de forma agressiva e correm para o contra-ataque.

A situação de roubo de bola a partir de uma boa defesa seguido de drible e passe para jogo de 1x1 ou de vantagem 2x1 é muito frequente (29%).

Figura 3 - Defender bem para criar vantagens no ataque - Foto Malaga Hoy 2022.

Tal só foi possível porque a defesa criou desequilíbrios e “abriu” hipóteses de vantagens… melhor dizendo, estes processos “exigiram” uma defesa agressiva, perturbadora… criadora de “vantagens” imediatas na recuperação da bola.

A partir da recuperação da posse de bola, com o jogo dinâmico, conseguem desenvolver o contra-ataque, que lhes permita fazer lançamentos de boas percentagens no menor tempo possível.

Roubar a bola e sair em drible à procura das vantagens 3x1… 3x2… 2X1 ocorre 13% das vezes.

Esta forma de jogar sem medo tem uma relevância muito grande, já que facilita a criatividade e a imaginação dos jogadores, dá oportunidade a todos de marcar e, ao mesmo tempo, é divertido para todos.

Nas situações em que os adversários conseguiram recuperar a tempo e com todos os jogadores no meio-campo ofensivo, a equipa jogava de forma simples e num ambiente organizado.

Da análise ofensiva dos jogos do Valência Sub 14 resulta que a ação que teve maior número de ocorrências de ataque em ambiente organizado foi a de recuperação da posse de bola após cesto sofrido ou por reposição na linha final (28%).

 

Aproveitar as vantagens

Sendo o basquetebol um jogo dinâmico, o aproveitamento correto dos espaços cria oportunidade/vantagens que importa aproveitar.

Os 5 jogadores dispunham-se em “5 abertos” ou “4 fora + 1 dentro”, com a equipa a recorrer a interações ou regras básicas entre companheiros, que criam soluções aos problemas criados pela defesa. Nesta situação, com a equipa a sair diretamente para o ataque em 5 abertos ou “four around jogando com o drible (1x1) ou com o passe e corte e 1x1 (35%).

Na maior parte das vezes, deixavam a área de dois pontos como espaço para explorar, através da leitura do jogo de 1x1 (penetrar para lançar ou para passar) e do jogo do passar e movimentar-se (cortar e reajustar).

Após repor a bola na linha final, entraram no ataque “DDM” (9% dessas posses de bola) para concluírem preferencialmente em 1x1.

A riqueza tática de promover reações ofensivas às iniciativas do portador da bola a jogar 1x1 passava pelos seguintes argumentos: 

  • Pressupunha a possibilidade de passe, caso do 1x1 não tenha surgido oportunidade de finalização e consequente manutenção da posse da bola sem perda de ofensividade (1x1+1);
  • Criava a possibilidade de quem recebia a bola ter uma situação de 1x1 com mais vantagem;
  • Dividia a defesa, obrigando a uma grande coordenação de ações para acompanhar uma sequência de penetrações em dribles e passe. Aumentava significativamente a ofensividade da equipa;
  • Estimulava a iniciativa individual e a leitura das vantagens ofensivas;
  • Também foi usada uma ação coletiva de passar a bola de uma metade do campo de ataque para outra oposta, passar do lado forte ao lado fraco do ataque.

Desta maneira, os jogadores que estavam na defesa em posições de ajuda tinham de passar a pressionar, enquanto os que estavam do lado bola passavam a ajudar, a ideia era que algum deles se atrasasse ao chegarem à nova posição, o que permitiu boas opções de lançamento.

Ao conseguirem mudar o lado da bola com velocidade, apanhavam muitas vezes a defesa em posições desvantajosas, longe dos atacantes, e a terem de fazer um esforço para saltar para lado da bola e a reajustarem as posições.

Um bom ataque leva rapidamente a bola ao lado contrário para atacar o lado débil da defesa, procurando melhores situações de 1x1.

Nas reposições de linha lateral (12% das posses de bola) e com o recurso a cortes e a um bloqueio indireto, a equipa ganha posições interiores para jogar 1x1 ou para mudar o lado da bola.

O jogo interior tem expressão máxima no ataque “four around” (43%) onde o poste se coloca no lado contrário da bola e reage às penetrações em drible.

Na reposição linha lateral, após colocar a bola em jogo, quem recebe joga 1x1 (15% destas ações) ou entra num jogo de passes para concluir em 1x1(10%).

Quando os jogadores conquistavam o ressalto, saiam em drible costa a costae finalizavam em: 1x0, 1x1, 2X1 ou 3X2 (25% das ações iniciadas com a conquista da posse de bola com ressalto defensivo).

Esta ação constitui uma mudança do paradigma, os jogadores ao ganharem a posse de bola têm direito “a prémio” e podem jogar 1x1.

Só foi   possível passarem do ressalto ao contra-ataque porque a ideia de “todos ao ressalto defensivo” constituiu um dos segredos… incluído obviamente numa defesa “agressiva” …


Finalizações

Neste modelo de jogo dinâmico, a equipa Sub 14 Valência finalizou os ataques da seguinte forma:

  • Muitas situações de 1x0.
  • A maioria acabou com o 1x1.
  • Quando tal não é possível, recorrem ao 1x1+1.
  • As situações de superioridade numérica (2x1 e 3x2) são também frequentes.
  • No jogo de 5x5 o apelo inicial é do 1x1 e reação às penetrações (2x2/3x3).

Figura 4 - Finalização com oposição - Foto Las Provincias 2020.


Muitas das finalizações anteriores só foram possíveis porque o número de posses de bola conseguidas a partir dos roubos de bola é significativo (15%) e advém de uma boa defesa individual.

 

Outras ocorrências 

Fazendo parte do modelo de jogo ofensivo, mas sem um número significativo de ocorrências temos as seguintes situações:

  • Após recuperarem a bola a partir do ressalto defensivo, a equipa também sai em drible faz o passe de saída e depois entra no 1x1 (2%).
  • Na mesma forma de recuperar a bola e com saída em passe, segue-se o drible ao apoio nos cantos para entrar no passe e corte para receber dentro e jogar 1x1 (2%)
  • Ainda a partir do ressalto, recebem em movimento e entram no drible diretamente para a posição interior onde jogam 1x1 (1%).
  • A partir da defesa, fazem o passe de saída a que se segue o drible para jogar 1x1 (7%).
  • Na mesma situação, iniciam a transição ofensiva com passes para concluírem no 1x1 no perímetro ou no interior (7%). Roubo de bola seguido de 1.º e 2.º passe com entrada posterior do “trailer ” e jogo 1x1 interior ou passe para fora (7%).
  • A partir do roubo de bola, também entram diretamente no ataque de posição (5%) Com início no roubo bola partem em drible e entram no passe e corte com apoio nos cantos (3%). Roubar a bola com saída em drible para cravar a bola dentro finalizando com 1x1 ou com mudança do lado da bola (1%)
  • Após sofrerem cesto ou em outra situação de reposição da linha final, é boa opção continuar a jogar rápido.
  • Após cesto sofrido e entrada da bola, penetrar e assistir para 1x1 é solução (4%).
  • Mais simples é a partir do cesto sofrido, a solução de repor a bola rápido com um passe longo e jogo de 1x1 imediato (3%).
  • Com reposição na linha final e com saída em passes até culminar com 1x1 (2%). Bola linha final passe comprido e 1x1 imediato (2%).
  • Na reposição linha final em passes apoia nos cantos e corta (1%) Sofrer cesto, repor rápido com dois passe e bola no “trailer” raramente ocorreu nos jogos (1%). 

 

É urgente ensinar e competir de outra forma.

Andreu Casadevall treinador coordenador da secção masculina das categorias formativas do Valencia Basket explicou de forma simples e concreta o perfil do jogador do clube: “procuramos rapazes e raparigas que saibam defender em todo o campo, que sejam rápidos, versáteis e com bons fundamentos.” Jornal El Pais 8 de Junho 2022

Se queremos um basquetebol português forte, necessitamos de criar um novo perfil de jogador. Para isso, faz todo o sentido que a abordagem ao ensino do jogo, a preparação das equipas e a coordenação de Clubes siga o paradigma da Interação.

Para mudar rapidamente o “Chip” e chegar a jogar de forma dinâmica no ataque em Sub 14 é importante que tenhamos quadros de atividades formais no Minibasket, já que como foi visível nos jogos observados, para se jogar a tal nível implica que nos anos anteriores se tenha aprendido quase tudo.

Necessitamos de ajustar essas atividades, urgentemente, de forma que todos participem levando em conta as suas capacidades, interesses e objetivos. O que faz sentido é que uns participem em competições formais, com regulamento adequado, e outros continuem nos convívios informais.

As grandes questões que se colocam aos treinadores de jovens cujas equipas estão aptas a competir são: 

  • Como competir sem deixar de formar?
  • Como formar sem deixar de competir?

A competição tem muito de atitude que não está normalmente incluída no processo de treino. Competirá aos treinadores criarem novos cenários de aprendizagem, porque é sabido que se treinarem bem os jovens vão, por transferência, competir bem.

Este estudo permite entender claramente como jogam os melhores. Para conseguirmos replicar este modelo no basquetebol nacional, o ensino/treino dos nossos praticantes tem de servir este jogo, não faz sentido ensinar e treinar o que não acontece na prática, obviamente levando em conta o potencial de cada um.

Os jovens treinam para jogar. A competição é apenas e só mais uma ferramenta pedagógica dos treinadores.

Compete aos treinadores ensinarem os praticantes de forma a não terem medo de cometerem erros, a serem autónomos nas decisões, competentes e a controlarem os comportamentos.

Ao mesmo tempo, se o treinador os formar nas habilidades cognitivas, tal permitirá que compitam e aprendam o valor da vitória /euforia e da derrota/frustração. Tal como na vida real, nada é fácil, e o importante é que quem “cai” só tenha de se levantar e continuar. As experiências “negativas” ajudam a crescer e o mais importante é mesmo dar o máximo de si mesmo.

O Basquetebol 5.0 referenciado no artigo de João Oliveira (Oliveira, 2022) faz todo o sentido e a concretização do mesmo só será possível quando o incluirmos na formação dos treinadores.

Urge propor uma alteração profunda ao modo como os treinadores abordam o ensino do jogo a partir do minibasquetebol!

Está hoje claro, que os jovens atletas não são passivos face ao que os envolve, bem pelo contrário, têm sempre um propósito, uma intencionalidade naquilo que fazem.

Aprendem a viver, vivendo, aprendem a fazer, fazendo.

Razão por que sempre esteve condenado ao fracasso aquele tipo de ensino que tenta “utilizá-los” como “um recipiente vazio para dentro do qual se introduz o saber ou a destreza técnica motora”.

Os praticantes aprendem e treinam com muito maior eficácia sempre que estão mobilizados para aquilo que pretendem aprender ou treinar!

O desafio dos treinadores não é o de saber o que tem de fazer, mas sim de fazer e de comunicar com impacto e de forma emocionalmente convincente e mobilizadora, mantendo permanentemente os jogadores, focados e concentrados nos objetivos a alcançar.

O que lhes exige naturalmente desenvolver um esforço constante para se manterem entusiasmados e esforçados, ao serviço da mobilização da motivação dos jogadores.

Treinando todos esses comportamentos e atitudes com índices elevados de rigor e exigência.

Sem nunca esquecer que só praticando repetidamente um determinado comportamento conseguiremos que ele se perpetue no tempo e que a única forma de mudar os comportamentos dos jogadores é ajudá-los a debruçarem-se sobre si próprios, conhecerem-se e tentarem fazer o máximo com o que são.

O que significa que, futuramente, devemos exigir ao treino e aos treinadores, a responsabilidade de reaprender a ver a realidade que nos envolve.

O que fazemos no treino tem de servir para a jogar conforme o potencial de cada um.

Os hábitos adquiridos nessa fase são decisivos para o futuro!

Sem isso… continuaremos com… “mais do mesmo”…

 

Referências

ACB, L. (2022a). Valencia Basket - Casademont Zaragoza (94-82): RESUMEN | Fase Previa Minicopa Endesa 2022. Retrieved December 10, 2022, from https://www.youtube.com/watch?v=XnX0PqpK0WQ

ACB, L. (2022b). Valencia Basket - Fundación Bilbao Basket Fundazioa (93-54): RESUMEN | Minicopa Endesa 2022. Retrieved December 10, 2022, from https://www.youtube.com/watch?v=1JWCjIGY_Ps

ACB, L. (2022c). Valencia Basket - Gran Canaria: Fase Previa Minicopa Endesa 2022-23. Retrieved December 10, 2022, from https://www.youtube.com/watch?v=0De-bGSt1_8

Oliveira, J. C. (2022). O que vi no jogo, ao microscópio? In J. C. Oliveira & J. Curado (Eds.), Basquetebol com ideias (pp. 131–142). Wroclaw, Poland: Ideias para o Basquetebol.

 

por Mário Silva

22-12-2022








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