A incoerência com que gerimos a conexão entre Saber e Fazer
coloca-nos num patamar de imprudente comportamento: Sabemos tanto e Fazemos tão
pouco.
O conhecimento é uma área que nos permite interagir em
diferentes domínios, através de atitudes que justifiquem uma sequente
aprendizagem em função da relação que se estabelece entre o sujeito e a tarefa.
É essencial que a capacidade para operar o conhecimento seja percetível, de relevante comando, a quem se propõe liderar um processo de formação de indivíduos e que, pelo facto dessa infalibilidade, os liderados possam desempenhar ações que atestem o respetivo conhecimento.
A experiência, compreendida enquanto capacidade cognitiva do
conhecimento, advém sobretudo das sucessivas tentativas do sujeito para legitimar
a sua sabedoria, para certificar a sua influência na sustentabilidade de uma
determinada ação. O facto de acumularmos anos no desempenho de determinada função,
não nos confere uma factual capacidade para liderar convenientemente um
programa de formação, recorrendo ao conhecimento como meio para otimizar a
eficiência e a eficácia desse mesmo processo formativo.
Perante as exigências impostas pela ação a cumprir, é
necessário aderir a formas de intervenção que gerem soluções inovadoras por
parte dos executantes, alcançando assim a eficaz representação prática do
conhecimento. Neste contexto, os treinadores, baseados na sabedoria, surgem
como elementos relevantes na estruturação de uma conexão coletiva que avulte o
desempenho das tarefas propostas aos seus atletas.
O conhecimento só terá factual valor se, nas ações que executam,
os atletas evidenciarem um proveitoso entendimento desse saber. De outro modo,
os treinadores serão apenas indivíduos que nos impressionam pela profundidade
do seu conhecimento, mas que não são capazes de o converter em matéria
executável.
O facto, como nos refere o pensador Goethe, é que “Nem
todos os caminhos são para todos os caminhantes”. Evidentemente que a
questão também se coloca aos treinadores: será que todos têm a noção das adversidades
do percurso? da exigente inevitabilidade em reconhecer o caminho, a sua
complexidade e a razão de o caminhar?
A exequibilidade do saber, fazendo acontecer o que realmente
conhecemos, permite que a estratégia utilizada seja regulada por via de uma
dimensão operacional:
- treinar
de acordo com a dimensão que pretendemos ver demonstrada em situação de jogo;
- intervir
e influenciar a construção de um ambiente de trabalho coletivo baseado na
relação dos sujeitos e das tarefas propostas, em função de uma harmonizada e
persistente comunicação entre todos;
- utilizar
métodos adequados para persuadir o empenhamento, nomeadamente através de
exercícios de trabalho propostos com objetivos bem determinados.
Enfim, o que conhecemos não é suficiente, é necessário ser
audaz e determinado em fazer, operacionalizando os conteúdos a desempenhar numa
lógica de permanente criatividade comum.
São tantas as frases escritas em murais pintados de letras
douradas, tantas partilhas de angélicas mensagens em écrans que nos fazem crer
do seu verdadeiro crédito. São tantos aqueles que conhecem o sentido da mensagem,
mas são tão poucos os que praticam o seu valor: “Saber e não fazer é não saber”
(Goethe
cit in Monteiro, 2021) e (Monteiro,
2017).
Se existe área onde se requer a exequibilidade do
conhecimento é precisamente na liderança de equipas. Aos treinadores exige-se
muito mais do que saber. Liderar carece que os liderados demonstrem na sua
prática as convicções do seu líder. Alexandre Monteiro cita na sua obra, O
PODER DE CONQUISTAR E INFLUENCIAR PESSOAS, (Monteiro,
2023), quatro dados importantes que nos orientam
para um prudente pensamento. Gostaria de vos reportar o primeiro destes aspetos
enquanto elemento justificativo relativamente à relevância para um conhecimento
executável: “Vários estudos demonstram que numa negociação a capacidade
intelectual – conhecimento, competência – representa apenas 15 por cento do
resultado final. O restante está na sua capacidade de comunicar, persuadir e
influenciar.” (Monteiro, 2023, p. 13).
Caros treinadores, é urgente considerar a nossa forma de
atuação pois, sendo o nível intelectual obviamente importante, o que determina
o sucesso da ação será genuinamente a operacionalização do conhecimento, a
sua exequibilidade - É tão fácil dizer o mais difícil e tão difícil fazer o
mais fácil.
Bibliografia
Monteiro,
A. (2017). Os Segredos que o Nosso Corpo Revela: Manual prático de linguagem
corporal para decifrar gestos, expressões, sinais e detetar mentiras.
Lisboa, Portugal: anuscrito Editora.
Monteiro,
A. (2021). Torne-se um Decifrador de Pessoas. Lisboa, Portugal: Planeta.
Monteiro,
A. (2023). O Poder de Conquistar e Influenciar Pessoas. Lisboa,
Portugal: Planeta.
João Silva (Juca)
21-01-2024
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