FALAR DE BASQUETEBOL – Prefere "Jogar"? - por João Oliveira

Já lá vão uns anos, quando fui convidado para fazer uma intervenção, num Congresso de Basquetebol, numa Universidade.  Designei-a de “Flash Gordon Fast Break”. O título recordava-me algo agradável, a banda desenhada e a diversão, mas também a velocidade e a intensidade, muito úteis, para estimular a utilização do contra-ataque.

Hoje, ao refletir sobre a situação, acabei por me aperceber de algo muito importante.



O QUE É QUE RECONHECI COMO IMPORTANTE?

Na minha infância, apresentaram-me histórias de “cowboys” e “índios”, de “polícias” e “ladrões”, de (…), o que semeou a ideia de haver quem está “comigo” ou “contra mim”, este pensamento dicotómico, e de outras tantas histórias que plantaram uma outra ideia. Refiro-me às histórias do “super-heróis”, como a do Super-Homem, do Homem Aranha, do Batman, do Hulk, do (…). Estas personagens tinham superpoderes e utilizavam-nos para proteger as pessoas em situação vulnerável. 

Estas histórias levaram-me a aprender e acreditar que “quem não está comigo, está contra mim” e que “há pessoas com poderes extraordinários, que podem solucionar os nossos problemas”.

Se “quem não está comigo, está contra mim”, então as diferenças, as divergências, os desacordos significavam que essas pessoas estavam contra mim e consequentemente teria de me defender.

Se havia pessoas com poderes extraordinários, então podia esperar que me ajudassem, nos momentos de dificuldade.

Por isso, reagia às pessoas que tinham pontos de vista diferentes ignorando-as ou ripostando. Contudo, num e outro caso, o resultado não ia ao encontro das minhas intenções, por mais bem-intencionado que estivesse. Por exemplo, em resultado da segunda aprendizagem, ficava à espera de os meus Pais, os meus Professores, os meus Treinadores, os meus (…), me ajudassem a resolver os problemas.

Felizmente, os meus Pais desconfirmaram esta crença, ensinando-me a fazer alguma coisa para resolver os meus problemas, em vez de ficar à espera que surgisse um “super-herói”.

Já como Treinador, tive a oportunidade de explorar o outro lado da “moeda”. Neste papel, apercebi-me que dirigentes, atletas, pais, sócios, (…), esperavam que o Treinador lhes resolvesse os problemas.

Se era verdade que podia ensinar e preparar os Jogadores e as Equipas, para jogarem o melhor possível e que podia reenquadrar e ajustar o jogo, também não era menos verdade que quem jogava eram os Jogadores. Porém, o Treinador é um Professor especial. O Treinador é o único Professor que vai a exame público com os “Alunos” e com o tempo, apercebi-me de um estranho pacto.

QUAL FOI O ESTRANHO PACTO DE QUE ME APERCEBI?

Os Jogadores esperavam que o Treinador lhes dissesse como jogar, o que fazer e quando fazer. Por isso, abdicavam da sua iniciativa, ficavam passivos (alguns, claro) e dependentes do Treinador. Ou seja, ficavam à espera do Treinador.

Por outro lado, o Treinador acreditava que se nada fizesse, os Jogadores nada fariam e os Jogadores, ao esperarem pelo Treinador, acabavam por confirmar e autorizar que o Treinador lhes dissesse o que fazer. Consequentemente, o Treinador sentia-se responsável por ensinar, por motivar, por saber o que os Jogadores desejavam, por (…).

Estas situações reforçavam-se mutuamente: a de uns “esperarem” e a de outros “dizerem o que fazer”. Jogadores e Treinadores eram “apanhados” num pacto inconsciente de co-dependência que, para além das consequências anteriores, também criava problemas ao Treinador, quer pelas pessoas com impulsos de contra-dependência (que começavam por contestar e depois tentavam resolver sozinhos, o que a todos competia resolver), quer pelos que inicialmente estavam confortavelmente dependentes, mas que entretanto cresceram e essa dependência se tornava desconfortável, quer ainda pelo desconforto que criava aos Treinadores que viam os dependentes a não necessitarem da sua ajuda e quer pelo desgaste e excessiva responsabilidade que advinha da perpetuação dessa co-dependência. Por exemplo, o Treinador parecia ter de motivar tudo e todos, mas quem motivava o Treinador?

Se a este (a) pacto da co-dependência, juntarmos as ideias (b) “quem não está comigo, está contra mim” e (c) dos “super-heróis”, então podemos estar na presença de um “composto químico” muito corrosivo, que acabava por funcionar como um “ácido” entre as pessoas, as equipas e as organizações. Quem tinha criado este composto corrosivo? Melhor, o que criou este ácido?

Ao olhar para trás, no tempo, verifico que este “ácido” também esteve presente em algumas funções de coordenação e gestão. Por exemplo, se precisávamos de um Presidente, de um Treinador ou de um Jogador, estávamos tentados a procurar um “super-herói”, que nos resolvesse os nossos problemas.

Quando o fizemos, aconteceu algumas vezes, acabámos por alimentar o pacto da co-dependência, por “fabricar o tal ácido” e por desperdiçar o muito talento e as diversas capacidades, de muitas pessoas, em resultado de uma ideia corrosiva, comprometedora e irónica.

QUAL ERA A IRONIA?

Ficávamos “dependentes” de “super-heróis”, mas mesmo esses, como por exemplo o “super-homem”, perde os seus superpoderes, na presença de “kryptonita”.

Imagine-se uma pessoa indefesa à espera de ajuda do seu “super-homem”, mas este rodeado por “kryptonita”. O que aconteceria ao poder do “super-homem”? O que faria a pessoa em perigo? Provavelmente, os nossos instintos de sobrevivência resolveriam este desafio, fugindo ou lutando.

Estranho, abdicamos da iniciativa a favor dos “líderes”, mas todos (os líderes também), temos as nossas “kryptonitas”. Por isso, acabamos (os Treinadores), frequentemente, por não estarmos à altura das expetativas resultantes do pacto inconsciente. Consequentemente, somos criticados e algumas vezes afastados.

Agora e se a situação começasse a ser recorrente, ficássemos habituados e capazes de a enfrentar. Será que poderíamos dar outro tipo de resposta? Poderíamos continuar a ter a sensação de insegurança, mas capazes de dar diferentes e melhores respostas. Por exemplo, se em vez de estarmos sozinhos, o que mudava se estivessem 200 pessoas juntas a enfrentar a mesma ameaça?

Ou seja, perante uma situação desconfortável, podemos ter a tendência para procurarmos o nosso “super-homem”, mas também podemos juntarmo-nos. Foi assim (juntando-nos) que enquanto espécie, fomos além da sobrevivência e conseguimos mudar, progredir e evoluir. Essa (juntarmo-nos) é uma outra ideia central para qualquer pessoa, equipa, organização ou comunidade, como por exemplo a do Basquetebol Português.

Somos diferentes, podemos e devemos ter opiniões diferentes, mas O QUE É MELHOR:
·        Ficarmos à espera ou começar a fazer por as coisas acontecerem?
·        Acreditar que as diferenças são problemas ou oportunidades de encontrar melhores soluções?
·        Esperar por um “super-herói” ou juntarmos esforços?

Depois de algumas conversas, com alguns amigos, tomei a iniciativa de criar um espaço para JUNTOS DESENVOLVERMOS IDEIAS PARA O BASQUETEBOL.

Esse espaço, está disponível em dois lugares:
·     Para contribuir com IDEIAS, foi criado este blog:
· Para contribuir com APOIOS ou MELHORIAS a essas IDEIAS, foi criada esta página no Facebook: https://www.facebook.com/ideiasparaobasquetebol

Se isto lhe faz sentido, então pode:
1.      Subscrever
2.      Partilhar
3.      Contribuir com ideias
4.      Contribuir com apoios ou melhorias a essas ideias

A “bola foi lançada ao ar”. Não sei se haverá “jogadores” ou “jogo”, nem quanto tempo durará o “jogo”.

Depende de haver “jogadores” (pessoas disponíveis para contribuírem) e “jogo” (ideias, subscrições, partilhas, apoios, melhorias).

Prefere "Jogar"?

por João Oliveira
28-04-2019

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