A investigação e a elaboração da tese de doutoramento que ainda
este ano apresentarei na Faculdade de Letras de Coimbra, (tema, “Motricidade e
Corpo Expressivo”), permitiu-me perceber quanto o desporto de alto rendimento,
(tal como as artes!), contribuíram ao longo dos tempos para o enriquecimento da
experiência humana.
Em especial, quando me vi forçado a desenvolver um esforço
continuado no sentido da compreensão da respetiva realidade, como exemplos
elucidativos da experiência de corpos expressivos no mundo.
Através de muitos anos de treino intenso e rigoroso, o corpo e a
motricidade dos atletas são modelados até atingirem a excelência de corpos expressivos.
Como também hoje no mundo empresarial aumentou exponencialmente a importância
atribuída ao treino de excelência na área comportamental, nomeadamente no que
respeita à comunicação emocionalmente convincente, ao tom de voz, à linguagem
utilizada, à empatia, etc.
E, em ambos os casos, pressente-se um mesmo objetivo a alcançar.
Conseguir corpos vividos que incorporem o
espaço e o tempo adequados e lhes permitam sentir que o seu corpo e a sua
motricidade se expressam tal como um pincel na mão de um pintor, um poeta ao
escrever um poema, um maestro a dirigir uma orquestra, etc. Um todo integral,
onde a posição de cada uma das suas partes através do respetivo esquema
corporal e espacialidade do corpo, é entendida a partir do todo para as partes.
Profissionalmente, estou agora em muito
melhores condições para cumprir aquilo a que a filosofia me vai obrigar.
Refiro-me ao que Renaud Barbaras define como o “sentido de filosofar”. O sentido de filosofar encontra-se hoje
profundamente transformado: mais do que saber ou conhecimento, é vigilância.
[1]
Assim farei. Estarei vigilante para que o
treino na área comportamental e os seus treinadores saibam estar à altura da
filosofia de Merleau Ponty.
Nomeadamente, porque a filosofia de Merleau Ponty não é uma conversão ao inteligível mas uma
reconquista do sensível. Se entendemos por perceção o que nos relaciona com
qualquer coisa, o que nos entrega uma realidade transcendente, a filosofia de
Merleau Ponty é seguramente uma filosofia da perceção.[2]
O que significa que, tal como à filosofia, ao
treino comportamental de atletas e quadros de empresas deva ser exigida a
responsabilidade de reaprender a ver o
mundo.
Nomeadamente, assumindo que atletas ou quadros
de empresas, enquanto seres de comportamento incorporado e verdadeiras
potências fenomenológicas com um corpo que percebe, se relacionam e reconhecem
mutuamente na transcendência da sua relação com o mundo. Cujos comportamentos,
não só são motivados por um significado
interior e subjetivo que nasce da própria visão interior que a pessoa tem do
mundo[3]como
também obedecem a um propósito humano, a uma subjetividade incorporada.[4]
[1] Renaud Barbaras, Merleau Ponty, Philo-Philosophes, Ellipses, edition
marketing S.A. 1997, pagina 11
[2] Renaud Barbaras, Merleau Ponty, Philo-Philosophes, Ellipses, edition
marketing S.A. 1997, pagina 5
[3]
Eric Matthews, Compreender Merleau Ponty, Comportamento, página 86, Editora
Vozes, Petropolis, Brasil, 2010
[4]
Eric Matthews, Compreender Merleau Ponty, Comportamento, página 97, Editora
Vozes, Petropolis, Brasil, 2010
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