DAS DUAS UMA ou DAS DUAS TRÊS – por João Oliveira


Já reparou que algumas pessoas usam a expressão DAS DUAS TRÊS? Matematicamente parece não fazer sentido. Quer ir um pouco mais além e descobrir uma IDEIA TRANSFORMADORA?
DAS DUAS UMA

Se acreditarmos que DAS DUAS SÓ HÁ UMA, então quando há uma diferença, divergência ou duas posições entre marido e mulher, pai e filho, treinador e jogador, dirigente e treinador, gestor e colaboradores, treinador e equipa ou reuniões de clubes, associações ou federações, poderemos observar uma de duas reações.

Ignorar a diferença, através de uma comunicação defensiva, criando grupos de trabalho para protelar a abordagem da situação. É a conhecida resposta de meter a cabeça na areia, esperando que a “tempestade” passe.

Atacar a diferença, através de disputas, comparações, concorrência, competição, discussões, críticas e culpabilização.

O resultado destas reações, assenta na ideia que um ganha e o outro perde e, no final, o que ganha se sente “bem” e o que perde se sente “mal”. As diferenças transformam-se num problema e a sua escalada pode inclusive conduzir a situações em que uns abusam e outros são hostilizados. Neste contexto, 1+1 2, 1+1 = -1, -10, -100, (…). Ou seja, o todo não só é diferente da soma das partes, como é inferior à sua soma.

Já jogou numa Equipa, colaborou com um Clube, Associação ou Federação ou trabalhou numa empresa em que o todo era inferior à soma das partes? Se já teve essa experiência, poderá imaginar as múltiplas e nefastas consequências para si, para os outros e para essas organizações e, portanto, a importância do que estamos a tentar abordar.

Também já presenciei e exibi alguns destes comportamentos e, a determinada altura, coloquei a mim mesmo uma pergunta pertinente:

ACREDITAR QUE “DAS DUAS UMA” SATISFAZ AS NECESSIDADES DE ESCOLHA, DE LIGAÇÃO, ACEITAÇÃO E COMPREENSÃO E DE COMPETÊNCIA?

Quando respondi SIM a esta pergunta, acabei refém das consequências, que limitaram a minha capacidade de escolha, que destruíram a ligação positiva aos outros e que sabotaram a minha competência de enfrentar as diferenças construtivamente. Para além disso, verifiquei que essas consequências não eram o melhor para todos, ao longo do tempo.

A experiência demonstrou-me duas coisas. Primeiro, que acreditar que “das duas uma” NÃO satisfaz as necessidades de escolha, ligação e competência. Segundo, que saber lidar com as diferenças é um dos mais difíceis e desafiadores problemas da vida, seja no lar, no trabalho, nas equipas, nos clubes, nas associações, nas federações, (…), mas também uma das maiores oportunidades de transformação. Tudo isto, conduziu-me a uma nova questão:

HÁ ALGUMA CRENÇA ALTERNATIVA E MELHOR DO QUE “DAS DUAS UMA”?

É, neste momento, que surge o que ouvia algumas pessoas dizer – “DAS DUAS TRÊS”. Se acreditarmos que DAS DUAS TRÊS, então quando surge uma diferença ou divergência tudo muda.

Durante alguns anos, colaborei com uma equipa de investigadores, no Centro de Investigação para o Treino e Trabalho de Equipa, onde me ensinaram a pensar, ver e intervir de outro modo, em relação às diferenças.

Deixei de pensar nas diferenças como um problema e passei a pensar nelas como oportunidades.

Passei a ver as diferenças como uma necessidade do desenvolvimento e da transformação em vez de, apenas, sobrevivência. Para perceber melhor a importância das diferenças, passei a vê-las, para as equipas e para as organizações, como o combustível dos automóveis. Isto é, do mesmo modo que um automóvel necessita de combustível (seja lá de que forma for) para andar, também as equipas e organizações necessitam de diferenças para se desenvolverem e transformarem. Portanto, aprendi que o problema não estava nas diferenças, antes na forma como lidámos com elas.

Para esse avanço, esse desenvolvimento e transformação acontecerem, o que não acontecia na abordagem “das duas uma”, necessitamos de encontrar soluções melhores do que qualquer uma das duas apresentadas e, curiosamente, quando começávamos a escutar e compreender o ponto de vista, diferente, do outro, quando descobríamos as diferenças na aparente semelhança, quando encontrávamos as semelhanças na aparente diferença, íamos para além de concordar, não só passávamos a ser compreendidos, como éramos capazes de integrar as diferenças e chegar à GRANDE IDEIA – A TERCEIRA ALTERNATIVA.

O QUE É A TERCEIRA ALTERNATIVA?

A terceira alternativa, não é a minha, não é a sua, é a nossa, é melhor do que um acordo, é melhor do que qualquer uma das duas, é superior a qualquer uma das outras duas propostas e produz resultados diferentes.

O pensamento ganha-perde dá lugar ao pensamento ganha-ganha. Ou seja, no final não há quem perde e quem ganha, pois todos ganham. O pensamento de julgamento e critica dá lugar ao pensamento da compreensão. O pensamento dicotómico transforma-se em pensamento criativo. O esforço por defender ou atacar o seu ponto de vista é substituído pelo esforço criativo. A solução de levar a nossa em frente muda pela procura de soluções criativas. As diferenças deixam de ser problema e passam a ser oportunidades. As faltas de respeito e o benefício pessoal dão lugar ao respeito e benefícios mútuos e 1+1 2 ou 1+1 = -1, -10, -100, (…) dá lugar a 1+1 = 3, 10, 100 (…).

ACREDITAR QUE “DAS DUAS TRÊS” (que há sempre uma 3ª Alternativa melhor do que qualquer uma das outras duas – A TERCEIRA) SATISFAZ AS NECESSIDADES DE ESCOLHA, DE LIGAÇÃO, ACEITAÇÃO E COMPREENSÃO E DE COMPETÊNCIA?

Ao criarmos a possibilidade de as pessoas escolherem entre a sua posição ou uma Terceira ainda Melhor, alargámos as possibilidades de escolha e, portanto, satisfazemos a necessidade de escolha.

Quando passamos a escutar, a compreender, a ser compreendidos, a aceitar, integrar e transformar a diferenças, melhorámos a ligação, aceitação e compreensão.

Nos momentos em que chegámos às Terceiras Alternativas, desenvolvemos competências de colaboração e encontrámos soluções criativas, que melhoram a sensação de competência, mas também aumentámos a probabilidade das soluções encontradas serem realmente implementadas e, consequentemente, também satisfazer a necessidade de competência.

“Das Duas Três” pode, portanto, levar-nos a uma GRANDE IDEIA – a da TERCEIRA ALTERNATIVA, utilizada por líderes positivamente marcantes, como Mahatma Gandhi ou Nélson Mandela.

Estamos dispostos a procurar soluções superiores, melhores para todos, ao longo do tempo, também para o Basquetebol Português?

Como chegar às TERCEIRAS ALTERNATIVAS, seja na visão, planeamento estratégico ou execução estratégica, nos regulamentos, no modelo de jogo, na formação de quadros, nas negociações, (…), no Basquetebol Português?

Sem a procura de TERCEIRAS ALTERNATIVAS, o desenvolvimento e a transformação de qualquer sistema e, portanto, também do Basquetebol Português, estarão comprometidos e esses sistemas poderão viver aprisionados à sobrevivência.

DAS DUAS UMA ou DAS DUAS TRÊS?

por João Oliveira
21-11-2019












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