Introdução
A presença do COVID-19 trouxe uma nova
realidade, quanto às relações socias entre pessoas, à prática desportiva e aos
condicionalismos que podemos ter, para ver um jogo ao vivo.
Nesse sentido, foi desenvolvido um
questionário, que tinha como principal objetivo - perceber as intenções de
comportamento das pessoas, enquanto desportistas, pais de praticantes
desportivos, adeptos de clubes ou modalidades.
Das diversas questões colocadas, destacamos as seguintes questões:
Na qualidade de mãe/pai/encarregado de
educação/tutor de praticante desportivo e depois da reabertura da atividade
desportiva:
- Sente-se confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições?
- Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo?
- Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?
- Vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva?
- Vai estar presente durante o treino do seu educando?
- Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando?
Na qualidade de espetador de eventos
desportivos:
- Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo?
- Iria se houvesse medidas de distanciamento físico?
· Procedimentos
Durante uma semana, de 6 de maio a 13 de
maio de 2020, foi partilhado um questionário, nas redes sociais, para averiguar
a perceção das intenções das pessoas, relativamente à reabertura da atividade
desportiva. Um agradecimento à colaboração do Dr. Jaime Brito da Torre na concretização deste questionário.
Os dados foram descritos em termos de
frequências/contagens e percentagens e para avaliar a significância estatística
da incidência percentual das diferentes intenções, recorreu-se ao Teste
Binomial implementado no software de análise de dados SPSS Statistics
(v. 25. SPSS Inc, Chicago, IL). Considerou-se um α = 0.05.
Resultados
Descrição da Amostra(s)
A amostra é composta por 520 pessoas (n
= 520), com uma idade média (Χ = 46.60 anos) e desvio-padrão (s = 12.252),
sendo 371 pessoas do género masculino e 149 do género feminino.
A amostra engloba pessoas de 18 distritos, destacando-se as percentagens de pessoas dos distritos do Porto, Lisboa e Viana do Castelo.
A amostra é composta por 210 pessoas que praticam uma modalidade desportiva e por 310 pessoas que não praticam qualquer modalidade desportiva.
Grande parte da amostra das pessoas que
praticam desporto, fazem-no nas modalidades de Basquetebol e Andebol.
Na nossa amostra, 216 pessoas afirmam que praticam desporto individual ou frequentam ginásios.
Grande parte da amostra (453 pessoas) refere que é adepto de um Clube,
Relativamente aos espetadores, 84% da amostra (n = 437)
menciona que é espetador regular de eventos desportivos.
Quanto ao enquadramento, das 520 pessoas que participaram neste estudo, 413 pertencem ao grupo “É Pai, Mãe, Encarregado de Educação, Tutor de um praticante desportivo” e 107 pessoas são “Só é espetador de eventos desportivos”. No grupo de espetadores final, serão considerados igualmente os “Pais” que disseram que também eram espetadores.
Inferência Estatística
No presente estudo, a percentagem de
pessoas que respondeu “Sim” a “Sente-se
confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem
restrições” foi de 35.1% (ns
= 145) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi
de 64.9% (nn = 268) – ver quadro que se segue. Os valores
omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso,
não é considerado, nesta situação.
A análise estatística
inferencial indica a percentagem das pessoas que se sentem ou não
confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem
restrições é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N =
413).
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo” foi de 15.5% (ns = 64) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 84.5% (nn = 349) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.
A análise estatística
inferencial indica a percentagem das pessoas que vai proibir o seu
educando de praticar um desporto coletivo é significativamente diferente de
50% (p = 0.000; N = 413).
Relativamente à questão “Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu
educando?”, construímos um conjunto
de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 357
pessoas (n = 357), destacando-se o “Contágio / Contaminação” como o principal
receio (49.0%). Observa-se que 14 pessoas (3,9%) responderam “nenhum”. Logo, 96.1%
da amostra indica pelo menos um principal receio. Para além do “Contágio /
Contaminação”, no topo da lista dos receios estão a “Proximidade / Contacto
físico” (12.6%) e “Respeito pelas regras de segurança e prevenção” (9.8%) - ver
quadro que se segue.
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim”
a “Vai colocar alguma restrição ao seu
educando, quando ele retomar a prática desportiva” foi de 65.4% (ns = 270) e a
percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 34.6% (nn
= 143) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de
pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta
situação.
A análise estatística
inferencial indica a percentagem das pessoas que vai colocar alguma restrição
ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva é
significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Vai estar presente durante o treino do seu educando” foi de 53.8% (ns = 222) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 46.2% (nn = 191) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.
A análise estatística
inferencial indica a percentagem das pessoas que vai estar presente
durante o treino do seu educando não é significativamente diferente de 50%
(p = 0.140; N = 413).
Quanto à questão “Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 349 pessoas (n = 349), destacando-se o “Condições de segurança da DGS e cumprimento pelo Clube” como a principal condição (24.9%), seguindo-se Medidas de Higienização e Segurança de todas as instalações (20.1%) e Permissão / autorização governamental sancionada pela DGS (13.8%) – ver quadro que se segue.
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo” foi de 78.7% (ns = 409) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 21.3% (nn = 111) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.
A análise estatística
inferencial indica a percentagem das pessoas que quando os
pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo é
significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 520).
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim”
a “Iria se houvesse medidas de distanciamento
físico” foi de 51.8% (ns = 58) e a percentagem
de participantes que respondeu “Não” foi de 48.2% (nn
= 54) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de
pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta
situação.
A análise estatística
inferencial indica a percentagem das pessoas que quando os
pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo não
é significativamente diferente de 50% (p = 0.777; N = 112).
Conclusões
No início deste estudo, colocamos um conjunto de desafios em perguntas. Iremos resumir a resposta a essas questões, nas conclusões.
Na qualidade de mãe/pai/encarregado de
educação/ tutor de praticante desportivo e depois da reabertura da atividade
desportiva:
·
Sente-se
confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem
restrições?
No presente estudo, a percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Sente-se confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições” foi de 35.1% (ns = 145) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 64.9% (nn = 268) e esta percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).
·
Vai
proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo?
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo” foi de 15.5% (ns = 64) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 84.5% (nn = 349) e esta percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).
·
Qual
o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?
Relativamente à questão “Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 357 pessoas (n = 357), destacando-se o “Contágio / Contaminação” como o principal receio (49.0%). Observa-se que 14 pessoas (3,9%) responderam “nenhum”. Logo, 96.1% da amostra indica pelo menos um principal receio. Para além do “Contágio / Contaminação”, no topo da lista dos receios estão a “Proximidade / Contacto físico” (12.6%) e “Respeito pelas regras de segurança e prevenção” (9.8%) - ver quadro que se segue.
·
Vai
colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática
desportiva?
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva” foi de 65.4% (ns = 270) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 34.6% (nn = 143) e esta a percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).
·
Vai
estar presente durante o treino do seu educando?
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Vai estar presente durante o treino do seu educando” foi de 53.8% (ns = 222) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 46.2% (nn = 191) e esta percentagem não é significativamente diferente de 50% (p = 0.140; N = 413).
·
Em
que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu
educando?
Quanto à questão “Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 349 pessoas (n = 349), destacando-se o “Condições de segurança da DGS e cumprimento pelo Clube” como a principal condição (24.9%), seguindo-se Medidas de Higienização e Segurança de todas as instalações (20.1%) e Permissão / autorização governamental sancionada pela DGS (13.8%) – ver quadro que se segue.
Na qualidade de espetador de eventos
desportivos:
·
Quando
os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo?
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo” foi de 78.7% (ns = 409) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 21.3% (nn = 111) e esta a percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 520).
·
Iria
se houvesse medidas de distanciamento físico?
A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Iria se houvesse medidas de distanciamento físico” foi de 51.8% (ns = 58) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 48.2% (nn = 54) e esta percentagem não é significativamente diferente de 50% (p = 0.777; N = 112).
Estes
resultados sugerem ações concretas, que promovam o enfraquecimento dos
seguintes fatores, na reabertura da atividade desportiva:
- Contágio / Contaminação
- Proximidade / Contacto físico
- Respeito pelas regras de segurança e prevenção
- Higienização: pessoas, pavilhões, materiais, (...)
- Lesões, acidentes e capacidade física
- Nenhum
- Partilhar água, objetos, instalações e balneários
- Inexistência de regras da DGS e FPB
- Que desista por não treinar
- Cultura de medo / falta de confiança
- Falta de informações e condições pelo Clube
- Duvidar da capacidade do Clube para o Plano de medidas adequadas
- Pertencer a um grupo de risco (asmáticos, ...)
- Injustificado, dado o cancelamento da época desportiva
- Deficiente orientação técnica / Formação
- Não haver vacina
- Haver pessoas assintomáticas
- Tempo perdido
- Desconhecimento de imunidade
- Comportamento dos Pais