Reabertura da Atividade Desportiva: RESULTADOS - por João Oliveira e António Pereira


Introdução


A presença do COVID-19 trouxe uma nova realidade, quanto às relações socias entre pessoas, à prática desportiva e aos condicionalismos que podemos ter, para ver um jogo ao vivo.

Nesse sentido, foi desenvolvido um questionário, que tinha como principal objetivo - perceber as intenções de comportamento das pessoas, enquanto desportistas, pais de praticantes desportivos, adeptos de clubes ou modalidades.

Das diversas questões colocadas, destacamos as seguintes questões:

Na qualidade de mãe/pai/encarregado de educação/tutor de praticante desportivo e depois da reabertura da atividade desportiva:

  • Sente-se confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições?
  • Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo?
  • Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?
  • Vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva?
  • Vai estar presente durante o treino do seu educando?
  • Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando?

Na qualidade de espetador de eventos desportivos:

  • Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo?
  • Iria se houvesse medidas de distanciamento físico?


·    Procedimentos

Durante uma semana, de 6 de maio a 13 de maio de 2020, foi partilhado um questionário, nas redes sociais, para averiguar a perceção das intenções das pessoas, relativamente à reabertura da atividade desportiva. Um agradecimento à colaboração do Dr. Jaime Brito da Torre na concretização deste questionário.

Os dados foram descritos em termos de frequências/contagens e percentagens e para avaliar a significância estatística da incidência percentual das diferentes intenções, recorreu-se ao Teste Binomial implementado no software de análise de dados SPSS Statistics (v. 25. SPSS Inc, Chicago, IL). Considerou-se um α = 0.05.

Resultados

 

Descrição da Amostra(s)

 

A amostra é composta por 520 pessoas (n = 520), com uma idade média (Χ = 46.60 anos) e desvio-padrão (s = 12.252), sendo 371 pessoas do género masculino e 149 do género feminino.


 


 


 

A amostra engloba pessoas de 18 distritos, destacando-se as percentagens de pessoas dos distritos do Porto, Lisboa e Viana do Castelo. 

 

 A amostra é composta por 210 pessoas que praticam uma modalidade desportiva e por 310 pessoas que não praticam qualquer modalidade desportiva.

 



Grande parte da amostra das pessoas que praticam desporto, fazem-no nas modalidades de Basquetebol e Andebol.


Na nossa amostra, 216 pessoas afirmam que praticam desporto individual ou frequentam ginásios.


 Grande parte da amostra (453 pessoas) refere que é adepto de um Clube,

 


Relativamente aos espetadores, 84% da amostra (n = 437) menciona que é espetador regular de eventos desportivos.

 




Quanto ao enquadramento, das 520 pessoas que participaram neste estudo, 413 pertencem ao grupo “É Pai, Mãe, Encarregado de Educação, Tutor de um praticante desportivo” e 107 pessoas são “Só é espetador de eventos desportivos”. No grupo de espetadores final, serão considerados igualmente os “Pais” que disseram que também eram espetadores.

 

 

  

Inferência Estatística

 

No presente estudo, a percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Sente-se confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições” foi de 35.1% (ns = 145) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 64.9% (nn = 268) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.

A análise estatística inferencial indica a percentagem das pessoas que se sentem ou não confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).

 



A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo” foi de 15.5% (ns = 64) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 84.5% (nn = 349) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.

A análise estatística inferencial indica a percentagem das pessoas que vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).

 



Relativamente à questão Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 357 pessoas (n = 357), destacando-se o “Contágio / Contaminação” como o principal receio (49.0%). Observa-se que 14 pessoas (3,9%) responderam “nenhum”. Logo, 96.1% da amostra indica pelo menos um principal receio. Para além do “Contágio / Contaminação”, no topo da lista dos receios estão a “Proximidade / Contacto físico” (12.6%) e “Respeito pelas regras de segurança e prevenção” (9.8%) - ver quadro que se segue.




A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva” foi de 65.4% (ns = 270) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 34.6% (nn = 143) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.

A análise estatística inferencial indica a percentagem das pessoas que vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).

 




A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Vai estar presente durante o treino do seu educando” foi de 53.8% (ns = 222) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 46.2% (nn = 191) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.

A análise estatística inferencial indica a percentagem das pessoas que vai estar presente durante o treino do seu educando não é significativamente diferente de 50% (p = 0.140; N = 413).

 



Quanto à questão Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 349 pessoas (n = 349), destacando-se o “Condições de segurança da DGS e cumprimento pelo Clube” como a principal condição (24.9%), seguindo-se Medidas de Higienização e Segurança de todas as instalações (20.1%) e Permissão / autorização governamental sancionada pela DGS (13.8%) – ver quadro que se segue.

 


A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo foi de 78.7% (ns = 409) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 21.3% (nn = 111) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.

A análise estatística inferencial indica a percentagem das pessoas que quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 520).

 




A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Iria se houvesse medidas de distanciamento físico foi de 51.8% (ns = 58) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 48.2% (nn = 54) – ver quadro que se segue. Os valores omissos englobam o número de pessoas que é apenas espetador e que, por isso, não é considerado, nesta situação.

A análise estatística inferencial indica a percentagem das pessoas que quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo não é significativamente diferente de 50% (p = 0.777; N = 112).

 



Conclusões

  

No início deste estudo, colocamos um conjunto de desafios em perguntas. Iremos resumir a resposta a essas questões, nas conclusões.

Na qualidade de mãe/pai/encarregado de educação/ tutor de praticante desportivo e depois da reabertura da atividade desportiva:

·        Sente-se confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições?

No presente estudo, a percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Sente-se confortável em deixar o seu educando praticar um desporto coletivo sem restrições” foi de 35.1% (ns = 145) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 64.9% (nn = 268) e esta percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413). 

·        Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo?

A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Vai proibir o seu educando de praticar um desporto coletivo” foi de 15.5% (ns = 64) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 84.5% (nn = 349) e esta percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).

·        Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?

Relativamente à questão Qual o seu principal receio na prática desportiva do seu educando?”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 357 pessoas (n = 357), destacando-se o “Contágio / Contaminação” como o principal receio (49.0%). Observa-se que 14 pessoas (3,9%) responderam “nenhum”. Logo, 96.1% da amostra indica pelo menos um principal receio. Para além do “Contágio / Contaminação”, no topo da lista dos receios estão a “Proximidade / Contacto físico” (12.6%) e “Respeito pelas regras de segurança e prevenção” (9.8%) - ver quadro que se segue.

·        Vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva?

A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Vai colocar alguma restrição ao seu educando, quando ele retomar a prática desportiva” foi de 65.4% (ns = 270) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 34.6% (nn = 143) e esta a percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 413).

·        Vai estar presente durante o treino do seu educando?

A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a Vai estar presente durante o treino do seu educando” foi de 53.8% (ns = 222) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 46.2% (nn = 191) e esta percentagem não é significativamente diferente de 50% (p = 0.140; N = 413).

·        Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando?

Quanto à questão Em que que condições admite autorizar o regresso à prática desportiva do seu educando”, construímos um conjunto de itens, a partir das diferentes respostas. Responderam a esta questão 349 pessoas (n = 349), destacando-se o “Condições de segurança da DGS e cumprimento pelo Clube” como a principal condição (24.9%), seguindo-se Medidas de Higienização e Segurança de todas as instalações (20.1%) e Permissão / autorização governamental sancionada pela DGS (13.8%) – ver quadro que se segue.


Na qualidade de espetador de eventos desportivos:

·        Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo?

A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Quando os pavilhões/estádios abrirem ao público, vai querer ir ver um jogo ao vivo foi de 78.7% (ns = 409) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 21.3% (nn = 111) e esta a percentagem é significativamente diferente de 50% (p = 0.000; N = 520).

·        Iria se houvesse medidas de distanciamento físico?

A percentagem de pessoas que respondeu “Sim” a “Iria se houvesse medidas de distanciamento físico foi de 51.8% (ns = 58) e a percentagem de participantes que respondeu “Não” foi de 48.2% (nn = 54) e esta percentagem não é significativamente diferente de 50% (p = 0.777; N = 112).


Estes resultados sugerem ações concretas, que promovam o enfraquecimento dos seguintes fatores, na reabertura da atividade desportiva:

  1.        Contágio / Contaminação
  2.      Proximidade / Contacto físico
  3.      Respeito pelas regras de segurança e prevenção
  4.      Higienização: pessoas, pavilhões, materiais, (...)
  5.      Lesões, acidentes e capacidade física
  6.      Nenhum
  7.      Partilhar água, objetos, instalações e balneários
  8.      Inexistência de regras da DGS e FPB
  9.      Que desista por não treinar
  10.      Cultura de medo / falta de confiança
  11.      Falta de informações e condições pelo Clube
  12.      Duvidar da capacidade do Clube para o Plano de medidas adequadas
  13.      Pertencer a um grupo de risco (asmáticos, ...)
  14.      Injustificado, dado o cancelamento da época desportiva
  15.      Deficiente orientação técnica / Formação
  16.      Não haver vacina
  17.      Haver pessoas assintomáticas
  18.      Tempo perdido
  19.      Desconhecimento de imunidade
  20.      Comportamento dos Pais


13.05.2020

por João Oliveira
e António Pereira

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