O atual momento da atividade desportiva, condicionada pela pandemia por COVID-19, tem-me levado a refletir sobre a prática desportiva, especialmente no basquetebol, fazendo-me revisitar algumas memórias, sobre alguns temas.
Lembro-me que um dos primeiros
anuários americanos que consegui adquiri tinha o título “Basketball - The most
skilled game”, o que traduzido poderia dizer “Basquetebol – O jogo mais
técnico”, o que na altura me enchia de orgulho, por estar ligado a uma
modalidade referenciada desta forma.
Uma das minhas outras referências
da altura, o basquetebol italiano ou o “Spaghetti Circuit” que era a alcunha da
competição, por essa altura, tentava ganhar espaço ao basquetebol americano,
através da contratação de nomes sonantes da NBA e do melhor que havia da NCAA,
juntando excelentes ações de comunicação e marketing. A revista Superbasket,
todos os inícios da época, afirmava uma mensagem aos “tiffosi” - o basquetebol
era um jogo de erros - contribuindo para a criação de uma cultura onde o erro
ditava a sorte do jogo entre a vitória e a derrota. “Quem faz menos erros
ganha” - dizia-se então por Portugal como dando razão aos transalpinos.
Na minha mente foi-se
desenvolvendo a ideia da importância do desenvolvimento da técnica individual
de um jogador, na componente ofensiva e defensiva, aliado ao conhecimento do
jogo, capacidade física de cada atleta e uma série de fatores mentais tais como
a motivação, resiliência, ambição, o que hoje nos poderia levar para a
inteligência emocional e, a outro nível, para a neurociência, tudo na tentativa
de evitar os erros, antecipar decisões, o que me ajudou a fundamentar uma frase
que fui aceitando com o tempo como uma verdade, e que uso com alguma
frequência:
“As
equipas podem melhorar através de dois tipos de decisão: a primeira, é pela melhoria
individual de cada atleta; a segunda, é pela aquisição de jogadores
considerados mais valiosos”.
Estou consciente de que esta
frase não é da minha autoria, não sei se a ouvi ou se a li ou se foi
simplesmente um adicionar de conceitos, vindos de conversas intermináveis sobre
basquetebol, mas foi criando raízes, na forma como vejo a gestão de um clube,
na sua componente formação e o impacto que pode e deve ter na equipa sénior de
um clube.
Se pensarmos na NBA ou mesmo no
futebol europeu, percebemos da validade da mesma.
Algumas equipas tentam melhorar o
seu plantel através do recrutamento dos melhores “rookies”, jovens jogadores
saídos indos da NCAA, no caso da NBA, ou jogadores vindos das escolas de
formação do clube, no caso do futebol. Outros usam a possibilidade de trocar jogadores
ou adquiri-los por um determinado valor, para atingir outro tipo de objetivos,
porventura mais ambiciosos.
Com o reconhecimento, por
diversos agentes da modalidade do basquetebol, que um dos seus maiores
problemas é uma menor técnica individual do/a jovem atleta do basquetebol
português, em comparação com outros países que têm vindo a progredir, a
oportunidade que a pandemia deu aos treinadores de formação, não pode ser
desaproveitada, para a melhoria individual de cada praticante.
Aliás, é dessa forma, que os
jogadores profissionais o fazem. Michael Jordan fê-lo. O documentário The Last
Dance, assim nos mostrou. Cristiano Ronaldo, fá-lo, e partilha connosco o seu
compromisso com a melhoria através do trabalho. O caminho não pode ser
diferente para os jovens que desejam jogar o basquetebol ou outro qualquer
desporto, de forma séria e ambiciosa, no sentido de quererem chegar ao escalão
sénior.
Esta é a oportunidade que os
treinadores não podem perder.
Esqueçam os X’s e os O’s.
O que muitos consideram o escasso
tempo de treino diário ou semanal para trabalhar, no antigo normal, é agora
dado de forma ingrata, por um vírus. Temos todo o tempo do mundo para
melhorarmos os nossos jogadores, do ponto de vista individual, com a segurança
possível e contribuir para o seu desenvolvimento.
Este é o tempo de melhorarem os
vossos atletas, do ponto de vista individual. Quer na técnica
individual, quer no conhecimento do jogo e na capacidade física.
Lembram-se da regra das 10 mil
horas de treino? Esta é uma forma de ir diminuindo o fosso para atletas de
outros mundos desportivos, mas não se esqueçam, mais do que treinar muito, o
mais importante é treinar com significado.
A Federação Espanhola de
Basquetebol bem como a Federação Francesa de Basquetebol, recentemente realizaram
estágios com o foco no treino de técnica individual (fundamentos), para os
jovens das suas seleções.
Por cá, a FPB e os treinadores
das diversas seleções dos escalões jovens, podiam ter seguido o exemplo das Federações
referidas, o que daria uma clara indicação da importância do desenvolvimento da
técnica individual, aos diversos agentes do basquetebol, treinando em ambiente
de segurança, mas infelizmente gorou-se a oportunidade de dar o exemplo, o que
teria sido muito importante.
Trabalhar de forma competente os
conteúdos de forma individualizada para o atleta, só pode levar a uma melhoria
da vossa equipa.
Aproveitem o momento, porque este
pode-vos conduzir ao sucesso como treinador da formação.
E já agora, peçam ajuda aos mais velhos, aos treinadores que ao longo das suas carreiras apresentaram trabalho. É assim que se faz nos USA e nos países onde o basquetebol está mais desenvolvido. Trabalhem em equipa, porque no fundo o basquetebol é o somatório das partes. Atletas de exceção treinados por treinadores de qualidade técnica e humana é o caminho para o sucesso na formação de jogadores com possibilidades de se afirmarem no basquetebol e para todos os restantes que pretendem somente praticar uma modalidade que contribua para o seu desenvolvimento pessoal em diversas áreas.
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