“Insanidade” ou Sensatez – por João Oliveira

A persistência é uma necessidade para superar desafios exigentes das pessoas, das equipas e das organizações. Contudo, quando se transforma em teimosia, podemos continuar a repetir as mesmas ações, esperando resultados diferentes.

Tendo outro significado, à luz do direito, frequentemente é associado Albert Einstein um dos significados de “insanidade”, o de fazer as mesmas coisas esperando resultados diferentes.

Quando repetimos as mesmas ações e conseguimos os resultados desejados, poderá não haver a necessidade de mudar.

Quando sabemos que o efeito das nossas ações é retardado no tempo, a repetição, paciência e persistência são necessárias. Por exemplo, depois de plantada a semente do bambu chinês, nada se vê, durante aproximadamente 5 anos, porque todo esse crescimento é subterrâneo, mas ao fim de 5 anos, o bambu poderá atingir a altura de 25 metros. Isto é, há ações cujas consequências visíveis exigem tempo e, nesses casos, deixar de repetir o que é necessário fazer, por ainda não se verem resultados, poderá condicionar os próprios resultados.

Mas, quando não existe esse efeito retardado ou quando as nossas ações resultam em resultados diferentes do desejado, então há que encontrar uma alternativa. Não o fazer, poderá ter consequências desastrosas, começando pelo desconforto sentido, passando pela desistência de uns, a critica, condenação ou culpabilização de outros e terminando em resultados aquém do que se deseja e é capaz de se conseguir. Nestas circunstâncias, será que a melhor coisa a fazer é repetir as mesmas ações, esperando resultados diferentes?

Ironicamente deseja-se um determinado resultado, investe-se muito esforço nesse resultado, embora não se consiga alcançá-lo e, paradoxalmente, continua-se a repetir as mesmas soluções e, por isso, continuam a “colher” os mesmos resultados – aquém do que se deseja e consegue. Qual é a alternativa?



A ALTERNATIVA

Quando sabemos que esperamos o tempo necessário para o efeito desejado acontecer e esses resultados não acontecem, então a alternativa é mudar, é fazer coisas diferentes, para esperar resultados diferentes (chamarei a esta alternativa sensatez), que poderá ser visualizada como mudar 180º, fazer diferente.

O que é que as pessoas, as equipas e as organizações poderão fazer de diferente?

Entre muitas coisas, vamos explorar 6 diferenças. Para isso, imagine-se uma pessoa, uma equipa ou uma organização que pretende superar desafios exigentes.

 

DIFERENÇA Nº 1

Será que essa pessoa, equipa ou organização está a pensar pequeno? O que alcançamos, conse está na medida do que desejamos. Nesta medida, se se costuma pensar pequeno, fazer diferente significa pensar em grande. Uma empresa poderá ter impacto a nível mundial se pensar ser a melhor da “sua rua”? Pensar em grande não se circunscreve apenas ao ter ou conseguir, mas também ao ser. Se o homem sonha e a obra nasce (ou pode nascer), o “tamanho” dos sonhos (pensamento) poderá determinar o tipo de obra que irá nascer.

 

DIFERENÇA Nº 2

Poderá haver a tendência das pessoas, das equipas e das organizações em ver para crer. Nesta medida, só irão acreditar se virem e, consequentemente só irão contribuir depois de verem. Será que o que desejamos irá acontecer sem nada fazermos para que isso aconteça? Poderá haver situações em que assim seja, se os “ventos” alinharem com o que desejamos. Mas a situação poderá ir mais além. Perante situações desafiadoras, podemos ser confrontados com situações em que ainda não vislumbramos as estratégias para fazer acontecer o que desejamos. Contudo, nessas circunstâncias, as estratégias que poderão ajudar a tornar o desejo em realidade só serão reveladas ou descobertas às pessoas, às equipas e às organizações que acreditam antes de ver. Por isso, fazer diferente para esperar resultados diferentes significará crer para ver em vez de ver para crer.

 

DIFERENÇA Nº 3

Quando dispersamos a nossa atenção em concretizar muitas coisas, podemos correr o risco de não conseguirmos fazer acontecer o que desejamos. Nesta medida, fazer diferente significa concentrarmo-nos no que é crucialmente importante. Para isso, as pessoas, as equipas e as organizações necessitam de determinar o que é crucialmente importante. Como determinar o que é crucialmente importante? Usando a nossa capacidade mental, a de pensar antes de agir a de planear e projetar. Desenvolver uma visão, uma missão, um propósito, um conjunto de valores e um plano estratégico (com respetivos objetivos, indicadores e sistema de feedback de resultados) poderá ser uma forma de fazer diferente, no caso, das pessoas, as equipas e as organizações determinarem o que é crucialmente importante e, por isso, concentrarem os seus esforços em vez de os dispersarem. Com poderemos alcançar o que desejarmos se não soubermos concretamente o que pretendemos e como nos comportarmos para lá chegar?

 

DIFERENÇA Nº 4

Será que acreditamos no poder do trabalho ou esforço intenso (no “Work Harder”). Conhecemos alguém ou alguma equipa ou organização que tenha trabalhado intensamente, mas não conseguiu alcançar o que desejava? Sabendo que o esforço é necessário e se nos esforçamos e não alcançamos os resultados desejados, então fazer diferente poderá passar pelo esforço deliberado (pelo “Work Smarter”). Entre outras situações, concentrarmo-nos no que é crucialmente importante é uma das formas de trabalharmos deliberadamente.

 

DIFERENÇA Nº 5

Confundirmo-nos com os resultados poderá ser uma das formas de comprometer o que desejamos. Vejam-se duas situações. Uma equipa vence o campeonato e, por isso, será tentada a pensar que tudo está bem, somos bons, a ter excesso de confiança e, consequentemente, a repetir o que fez nessa época, na época seguinte. Ao fazê-lo poderá comprometer a sua capacidade de desenvolvimento e se as outras equipas progredirem, poderá tornar-se mais difícil repetir os excelentes resultados anteriores. Uma organização poderá obter resultados aquém do desejado e com isso pensar que tudo está mal, não prestamos. Ao fazê-lo o desconforto crescerá e com ele as queixas, os culpados, as críticas, (…). Consequentemente, estes tipos de atitudes poderão contribuir para a repetição dos maus resultados em vez de os melhorar. Neste caso, estamos na lógica do ser. Isto é, somos o resultado e, por isso, quando ganhamos somos bons e quando perdemos somos maus). Fazer diferente passará por distinguir entre ser e estar (passar do "somos" bons ou maus para o "estivemos" bem ou mal) por separarmo-nos dos resultados e, com isso, conseguirmos aceder a duas importantes informações: o que de mau está escondido num bom resultado (quando estivemos bem, vencemos ou conseguimos o que desejamos); e o que de bom está escondido num mau resultado (quando não estivemos bem). Uma e outra informação permitirão continuar a melhorar, depois do sucesso, e a semear a esperança, quando as coisas correm aquém do esperado, respetivamente.

 

DIFERENÇA Nº 6

Acreditarmos que somos o centro do mundo, que tudo gira à nossa volta, fazerem-nos acreditar em super-heróis ou experiências anteriores de trabalharmos em equipas disfuncionais poderá levar-nos a acreditar que sozinho vou mais rápido. Regressando a uma das premissas iniciais, a de superar desafios exigentes. Quando as pessoas, as equipas e as organizações estão em face deste tipo de desafios, necessitamos de um ambiente de apoio, de juntar esforços, de cooperarmos, de colaborarmos. Neste caso, contribuir não chega, torna-se necessário contribuir complementar e criativamente. Por isso, fazer diferente significará que juntos vamos mais longe.

 

A ESCOLHA

O que é melhor para as pessoas, para as equipas e para as organizações, ao longo do tempo?

Opção A – “Insanidade” - fazer as mesmas coisas esperando resultados diferentes, isto é, pensar pequeno, ver para crer, dispersar a atenção, trabalhar intensamente, confundirmo-nos com os resultados ou acreditar que sozinhos vamos mais rápido ou

Opção B – Sensatez - fazer coisas diferentes (180º), para esperar resultados diferentes, ou seja, pensar em grande, crer para ver, concentrarmo-nos no crucialmente importante, trabalhar deliberadamente, separarmo-nos dos resultados ou acreditar que juntos vamos mais longe.

 

AS APLICAÇÕES

Independentemente da escolha de cada um, a aplicabilidade da ideia de fazer coisas diferentes (180º), para obter resultados diferentes é transversal a qualquer pessoa, equipa ou organização e, para isso, cada um necessita de encontrar “o seu caminho” (soluções diferentes), para alcançar os seus objetivos.


por João Oliveira

25-09-2021







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